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Veja o que acontece na audiência que discute o ius sanguinis ilimitado

Corte Constitucional da Itália analisa nesta terça, 24, se a cidadania por descendência sem limite de gerações é compatível com a Constituição.

Corte Constitucional da Itália julga nesta terça, 24, se a cidadania sem limite de gerações é compatível com a Constituição.
Corte Constitucional da Itália julga nesta terça, 24, se a cidadania sem limite de gerações é compatível com a Constituição.

A Corte Constitucional italiana realiza nesta terça-feira, 24 de junho, uma audiência histórica que discutirá a validade do ius sanguinis sem limite de gerações. O julgamento começa às 9h30 (horário local), em Roma – 04h30 (horário de Brasília)–, e tem como base uma decisão do Tribunal de Bolonha, publicada em 26 de novembro de 2024.

A Corte analisará se o artigo 1º da Lei nº 91, de 5 de fevereiro de 1992, que reconhece a cidadania italiana por descendência sem limitação temporal, é compatível com os princípios constitucionais do país. É a primeira vez que o tema é examinado pelo mais alto tribunal constitucional da Itália.

O que levou à audiência

A iniciativa partiu do próprio Tribunal de Bolonha, no chamado incidente de constitucionalidade, levantado por um juiz em um processo ordinário. O julgamento do caso concreto foi suspenso para encaminhamento da questão à Corte.

Outros tribunais — como os de Roma, Milão e Florença — também interromperam processos semelhantes, à espera de um posicionamento definitivo da Corte Constitucional.

O caso de Bolonha envolve descendentes de italianos que requerem o reconhecimento da cidadania com base apenas na ascendência, sem vínculo direto com o território ou cultura italiana.

Estado ausente do processo

Apesar da importância da causa, o Estado italiano não participará da audiência. A Presidência do Conselho de Ministros perdeu – ou ignorou – o prazo legal para apresentar suas alegações.

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A ausência chamou atenção, principalmente entre juristas e associações que acompanham o tema, que consideram este julgamento “a mãe de todas as batalhas”.

Como funcionará a audiência

  1. Sessão pública em Roma
    Será realizada na sede da Corte Constitucional. Participarão pelo menos 11 dos 15 juízes — quórum necessário para a deliberação. A sessão terá transmissão ao vivo pelo link vimeo.com/event/5208193.
  2. Sustentações orais das partes
    Advogados dos requerentes apresentarão seus argumentos. Duas associações jurídicas ligadas à cidadania por descendência pediram para intervir, mas a Corte ainda decidirá se serão admitidas.
  3. Julgamento unificado
    Quatro processos semelhantes foram agrupados em uma única sessão. Todos tratam do reconhecimento de cidadania para descendentes de italianos nascidos fora da Itália.
  4. Deliberação reservada
    Após a audiência, os juízes se reúnem em câmara de conselho. Cada um apresenta sua posição e o voto é realizado. A decisão será tomada por maioria dos presentes.
  5. Redação da sentença
    O juiz relator elabora a minuta da decisão, que é revisada e assinada por todos os magistrados participantes.
  6. Publicação no diário oficial
    A sentença será divulgada no Gazzetta Ufficiale. Esse processo pode levar de algumas semanas até três meses.

Perguntas e respostas

1. O que a Corte Costituzionale irá julgar?
Será analisada a constitucionalidade do princípio da transmissão da cidadania jus sanguinis, previsto no Código Civil de 1865, na Lei 555 de 1912 e na Lei 91 de 1992. A ação reúne quatro processos remetidos por tribunais de Bolonha, Roma, Milão e Florença. A relatora será a juíza Emanuela Navarretta.

2. O que irá ocorrer em 24 de junho?
A audiência será pública, com sustentação oral das partes. Trata-se de um ato formal. Todas as peças e memoriais já foram entregues. Não haverá discussão entre os juízes ou votação neste dia.

3. Qual a perspectiva para a decisão? Quando deve ser divulgada?
O acórdão deve sair entre 1 e 3 meses após a sessão — ou seja, de julho a setembro. Há confiança de que o resultado será favorável à manutenção da cidadania por descendência, com base nos direitos fundamentais. O conteúdo será publicado diretamente no Gazzetta Ufficiale.

4. E com relação ao Decreto-36 que se tornou lei? Qual o cenário?
A nova Lei 74/2025, que substitui o DL 36, entrou em vigor há menos de um mês. A Corte pode tratar o tema de forma indireta ou reservar a análise para casos futuros. Há expectativa de que novas ações, fundamentadas na legislação recente, sejam enviadas à Corte ainda em 2025.

5. A decisão da Corte terá efeito retroativo?
A Corte Constitucional geralmente evita aplicar efeitos retroativos amplos. No entanto, caso a decisão aponte inconstitucionalidade, poderá haver uma definição de marco temporal ou regras de transição. É provável que os direitos já reconhecidos permaneçam válidos, mas novos pedidos poderão ser afetados conforme a decisão final.

6. O julgamento de 24 de junho pode suspender todos os processos em andamento?
Não de forma automática. Porém, muitos tribunais já optaram por suspender processos aguardando a decisão da Corte. A depender do resultado, os processos suspensos poderão ser retomados com base nos novos critérios estabelecidos.

7. Como acompanhar o julgamento?
A audiência será transmitida ao vivo pela Corte Constitucional por meio da plataforma Vimeo, no vídeo abaixo. A sessão começa às 9h30 (hora local de Roma).

9. Por que esse julgamento é considerado histórico?
É a primeira vez que a Corte Constitucional analisa diretamente a validade do ius sanguinis irrestrito. A decisão poderá servir como base para reformulações legislativas e estabelecer novos paradigmas sobre nacionalidade na Itália.

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