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Gattuso: o juiz das minorias que contesta a cidadania dos ítalo-brasileiros

Marco Gattuso, juiz progressista e defensor de minorias, questiona o ius sanguinis, limitando cidadania para ítalo-descendentes.

Marco Gattuso, defensor de minorias, enfrenta críticas ao restringir direitos de descendentes italianos em sua recente sentença no Tribunal de Bolonha | Foto: Ansa
Marco Gattuso, defensor de minorias, enfrenta críticas ao restringir direitos de descendentes italianos em sua recente sentença no Tribunal de Bolonha | Foto: Ansa

Marco Gattuso, juiz do Tribunal de Bolonha e membro da Magistratura Democrática, é amplamente reconhecido por suas posições progressistas em defesa dos direitos LGBTQIA+ e de outras minorias.

Figura constante em eventos do Partido Democrático (PD), Gattuso já participou de debates importantes, como o de setembro de 2011 intitulado “Gay e lésbicas, juízes e legisladores”, e da Festa Nacional de Dems em 2018, por exemplo, onde discutiu “A Europa dos direitos para um partido renovado”.

No entanto, sua recente decisão de questionar o reconhecimento da cidadania italiana para ítalo-descendentes de gerações distantes mostra um contraste com sua trajetória em defesa de inclusão e direitos universais.

Afinal, quem é Marco Gattuso?

Gay assumido e especialista em direito de família, Gattuso, de 60 anos, construiu uma carreira marcada pela defesa de temas sensíveis, como gestação por substituição (GPA), uniões civis e proteção de crianças de famílias homoparentais.

Nos últimos anos, Gattuso passou a atuar na seção especializada do Tribunal de Bolonha, onde começou a tratar de casos relacionados à imigração.

Marco Gattuso em destaque: Juiz do Tribunal de Bolonha conhecido por sua atuação em defesa das minorias, agora em foco por decisão polêmica sobre cidadania italiana | Foto: Open
Marco Gattuso em destaque: Juiz do Tribunal de Bolonha conhecido por sua atuação em defesa das minorias, agora em foco por decisão polêmica sobre cidadania italiana | Foto: Open

A decisão que afeta ítalo-brasileiros

Apesar de seu histórico de defesa pela inclusão, Gattuso recentemente encaminhou à Corte Constitucional Italiana um questionamento sobre a validade do ius sanguinis, princípio que garante cidadania italiana a descendentes sem limite de gerações.

O caso envolve 12 brasileiros que reivindicam a cidadania com base em uma ancestral italiana nascida em 1876.

Para Gattuso, a ausência de vínculos culturais, linguísticos ou tradicionais com a Itália seria um argumento válido para restringir esse direito.

Em sua decisão (3080/2024, 26/11/2024), ele afirmou: “O reconhecimento da cidadania para milhões de descendentes sem vínculos efetivos pode alterar a noção de ‘povo italiano’ estabelecida pela Constituição”.

A decisão teve forte repercussão, especialmente no Brasil, onde milhões de ítalo-descendentes mantêm vivas as tradições italianas.

A decisão de Marco Gattuso de questionar o direito de ítalo-descendentes à cidadania reacende o debate sobre inclusão e vínculos culturais com a Itália | Foto: Agenzia Dire
A decisão de Marco Gattuso de questionar o direito de ítalo-descendentes à cidadania reacende o debate sobre inclusão e vínculos culturais com a Itália | Foto: Agenzia Dire

As incoerências nas decisões de Gattuso

Gattuso já defendeu políticas mais inclusivas para imigrantes e minorias na Europa, participando de eventos como o congresso “Imigração na Europa e Direitos Fundamentais”, em Roma.

No entanto, ao justificar a restrição ao ius sanguinis com base em vínculos culturais enfraquecidos, ele parece ignorar a riqueza cultural da diáspora italiana em países como o Brasil.

Não parece, neste sentido, que a referência a um mero vínculo de descendência de um ancestral, entre muitos, mesmo que muito distante, constitua um critério suficientemente efetivo”, disse em sentença contra os ítalo-brasileiros.

Por que um juiz que se posiciona como defensor de minorias e inclusão decide restringir o direito de cidadania de milhões de ítalo-descendentes?

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