Giuseppe Conte, primeiro-ministro da Itália, renunciou nesta terça-feira (26) em uma manobra arriscada.
A decisão foi oficializada em uma reunião com o presidente Sergio Mattarella e, paradoxalmente, é uma última tentativa do premiê de se manter no poder.
Sua renúncia ainda é reflexo da crise aberta pelo ex-primeiro-ministro e senador Matteo Renzi, o principal responsável pela atual crise política no país.
O líder do nanico partido de centro Itália Viva (IV) decidiu romper com o governo por discordar de suas políticas econômicas e da gestão de repasses da União Europeia.
Para Luigi Di Maio esta “é a hora da verdade”. “Nestas horas vamos perceber quem defende e ama a nação e quem pensa apenas no seu próprio proveito”, escreveu o Ministro das Relações Exteriores, no Facebook.
Uma semana atrás Conte foi obrigado a pedir o voto de confiança do Parlamento e conseguiu uma maioria estreita na Câmara dos Deputados (321 votos de um total de 630), porém teve de se contentar com uma maioria relativa no Senado (154 de 320), obtida graças à abstenção de 16 membros do IV.
No entanto, com a expectativa de uma derrota na votação no Senado na quarta-feira (27) sobre um relatório do ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, o que causaria a queda do governo, Conte decidiu se antecipar e entregar o cargo.
Seu objetivo é obter do presidente Mattarella um mandato para tentar formar um novo governo – seu terceiro em menos de três anos -, porém desta vez com uma maioria sólida no Parlamento.
Próximos passos
Com a renúncia de Conte em mãos, Mattarella deve iniciar consultas – nesta quarta – com os partidos para verificar a possibilidade de se construir uma nova maioria no Parlamento.
O presidente poderia, inclusive, indicar outra pessoa para formar um governo, dependendo dos resultados das conversas com as legendas. Alguns membros do M5S e do PD dizem nos bastidores que a prioridade é evitar eleições antecipadas – o próximo pleito está previsto para 2023 – em plena pandemia, e não reeleger Conte.
Os partidos de extrema direita Liga, de Matteo Salvini, e Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, querem a convocação de eleições, enquanto o moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, que poderia ser redimensionado por uma ida antecipada às urnas, já defendeu um “governo de união nacional” para administrar a Itália nos próximos meses de pandemia.
O país é um dos mais atingidos pelo novo coronavírus e tem uma das maiores taxas de mortalidade por Covid-19 em todo o mundo, com 141,42 óbitos para cada 100 mil habitantes. (Com informações da agência Ansa)