O vice-primeiro-ministro e ministro das Infraestruturas italiano disse no sábado (14) que arrisca 15 anos de prisão por “defender Itália”, em uma audiência do caso de migrantes resgatados pela Open Arms, em que ouviu acusações de antigos colegas de governo.
Matteo Salvini é acusado de “sequestro” de 147 migrantes resgatados a bordo de um navio operado pela ONG espanhola Open Arms, a quem negou o desembarque, como parte da sua política de portos fechados, em agosto de 2019.
O Open Arms passou quase três semanas no mar depois de Salvini se ter recusado a dar-lhe autorização para atracar na ilha de Lampedusa.
“Hoje estou em Palermo pela enésima vez, no ‘bunker’ da prisão de Ucciardone, famosa pelo maior julgamento contra a máfia, para o julgamento de Open Arms”, escreveu Salvini no Facebook.
“Arrisco 15 anos de prisão por ter defendido a Itália e as suas fronteiras, salvando vidas e fazendo com que a lei fosse respeitada”, disse o líder do partido Liga.
O agora vice-primeiro-ministro do Governo chefiado por Giorgia Meloni, líder do Irmãos de Itália, era na altura ministro do Interior no primeiro de dois governos de coligação liderados por Giuseppe Conte.
Conte, agora líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), a ex-ministra do Interior Luciana Lamorgese e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Luigi Di Maio foram chamados como testemunhas na audiência de hoje e deixaram testemunhos de que Salvini agia sem dar conta dos seus atos aos restantes membros do executivo.
Di Maio disse que “tudo o que foi feito naquele período (por Salvini) foi para obter popularidade” e que as decisões relativas à sua política de portos fechados não foram tomadas com o acordo dos restantes membros do governo da altura.
“Na maioria das vezes, soubemos da recusa de Salvini de indicar um porto seguro (a um navio) a partir de relatos dos meios de comunicação social e das suas declarações posteriores”, declarou Di maio.
No ano passado, Salvini foi inocentado nem um um caso semelhante relativo aos migrantes resgatados que ficaram retidos no navio da guarda costeira de Gregoretti, em julho de 2019.