A prefeita Alessandra Buoso, da cidade de Anguillara Veneta, quer conceder o título de cidadão honorário ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O município, de pouco mais de 4 mil habitantes, próximo a Veneza, é a terra natal de um bisavô paterno de Bolsonaro, que de acordo com a prefeita, é o motivo da homenagem.
É o que sugere uma reportagem da agência de notícias italiana ANSA, que publicou, nesta última 5ª feira (21.out), que a convocação na Câmara Municipal da região para discutir a cidadania honorária de Bolsonaro está marcada para 25 de outubro — e foi assinada por Buoso na última 4ª feira (20.out).
“Isso não deve ser algo político. Pensei nas pessoas do meu país que imigraram para o Brasil e construíram uma vida até chegar a presidente levando o nome de Anguillara Veneta para o mundo”, disse a prefeita em entrevista à ANSA.
Na última quarta-feira (20), o relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, elaborado pelo relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi lido. O texto trouxe o pedido de 11 indiciamentos contra o presidente Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade, epidemia com resultado morte, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documento particular, emprego irregular de verba pública e prevaricação.
Questionada sobre a entrega de um título de honraria como o de cidadania honorária a um político acusado de crimes contra a humanidade, Buoso disse que até 4ª feira não sabia sobre o relatório da CPI da Covid. “Não posso entrar na política brasileira. Infelizmente, o momento não foi favorável, até ontem eu não sabia”, disse a prefeita à ANSA.
Políticos de centro-esquerda da Itália se manifestaram contrários à proposta. “Não existe um único motivo válido para sentir orgulho”, disse a vice-líder do Partido Democrático (PD), Vanessa Camani, em suas redes sociais. Já o secretário regional do PD no Vêneto, Alessando Bisato, falou que a homenagem é “ultraje inútil” e afirmou que Bolsonaro é “alérgio à democracia e aos direitos civis, negacionista da covid e antivacina declarado”, concluiu.