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Lorenzetti, da Itália para a memória dos brasileiros

História do engenheiro italiano que migrou em 1861 se confunde com o desenvolvimento de São Paulo.

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Lorenzetti, da Itália para a memória dos brasileiros

A Lorenzetti, famosa marca de chuveiros elétricos, nasceu a partir da decisão do engenheiro civil Alessandro Lorenzetti de se mudar da Itália para o Brasil.

A história inicia no século XIX, quando Alessandro – nascido em 11 de maio de 1861, saiu de Gênova, na Itália, para vir trabalhar nas obras do Porto de Vitória, no Espírito Santo. Ele também trabalhou na construção da estrada de ferro Santos – Jundiaí, em São Paulo.

O engenheiro ficou no Brasil até o começo do século XX, quando acabou decidindo voltar para a Itália.

Ele faleceu em 25 de maio de 1935, aos 74 anos.

No período em que ficou em São Paulo, conheceu o também italiano Carlos Tonanni e os dois fundaram a empresa Tonanni & Lorenzetti, em 1923.

Lorenzetti iniciou com apenas quatro funcionários

A empresa ficava na Avenida Presidente Wilson, no bairro da Mooca, região que abrigava a maior parte das indústrias de São Paulo.

A pequena fábrica começou com quatro funcionários e quatro tornos automáticos, com o objetivo de fabricar parafusos de precisão.

Após alguns meses, seus filhos Lorenzo e Eugênio chegaram ao Brasil. Os dois foram responsáveis por manter e transformar a empresa na maior metalúrgica da cidade.

Ainda na década de 1930, Lorenzetti percebeu a demanda por tecnologia e materiais elétricos. Assim, começou a importar esse tipo de produto.

Outra inovação da empresa veio com o desenvolvimento de aparelhos que utilizavam carvão como fonte de energia para automóveis.

Naquela época, esse tipo de tecnologia era utilizada no gasogênio.

A Lorenzetti também iniciou a fabricação de motores elétricos. Foi a primeira empresa do país a fabricar motores elétricos de até 100 HP.

“Eles eram muito ligados ao mercado e ao consumidor. Viam as necessidades do momento e se dedicavam. Como dizia meu pai, na época não existia concorrência, o público aceitava tudo que se fazia”, lembra Alexandre Lorenzetti, filho de Lorenzo e neto de Alessandro Lorenzetti.

Consagração veio com o chuveiro

Na década de 1950, a empresa começou a fabricar seu produto mais famoso: o chuveiro elétrico automático.

A empresa foi pioneira nesse segmento, se aproximando ainda mais da população brasileira.

O icônico chuveiro elétrico criado na década de 1950

Com o tempo, a Lorenzetti investiu em tecnologia e desenvolvimento, lançando equipamentos mais modernos.

Além disso, não parou de lançar novidades no mercado, como purificadores de água e aquecedores de água a gás.

Em 2012, a Lorenzetti entrou no segmento de iluminação.

Três anos depois, após adquirir parque fabril em Poços de Caldas (Minas Gerais), começou a fabricar louças sanitárias.

Anúncio publicitário na década de 1980

A história dessa empresa prova que o sonho de um imigrante italiano no Brasil bastou como o estopim para mudar hábitos e estabelecer uma marca que hoje faz parte da memória de todos os brasileiros.

Propaganda da Lorenzetti na década de 1990

Valorização dos funcionários

A Lorenzetti, que vai completar 100 anos em 2023, possui cerca de 5.500 funcionários, que são privilegiados por fazer parte de uma empresa que faz questão de tratar seus colaboradores de maneira diferenciada.

Certamente um dos motivos que ajudaram no crescimento da marca foi o reconhecimento do valor de quem faz a empresa. A cultura de valorização dos trabalhadores da Lorenzetti é um pilar fundamental e começou com os próprios fundadores.

Alessandro Lorenzetti fazia questão de conhecer e cumprimentar todos os funcionários diariamente. Enquanto circulava pela fábrica, ele tirava as dúvidas e ajudava a todos no que fosse possível.

Um dos símbolos dessa relação com os trabalhadores é a encarregada de produção Maria Aparecida Corrêa Cordeiro, a Dona Cida. Em 2012 ela entrou para o Guiness Book como a funcionária brasileira que ficou mais tempo na mesma empresa. Ela trabalhou durante 70 anos seguidos na Lorenzetti.

Em 2020, a Lorenzetti faturou o recorde de R$ 1,82 bilhão, com crescimento de 22,5%, muito acima dos 10% projetados antes da pandemia. “Foi um ano de superação”, afirma o vice-presidente, Eduardo Coli.

A seguir, ouça o depoimento de Alexandre Lorenzetti, neto do fundador.

Por Roberto Schiavon/Italianismo

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