A chefe de cozinha Paola Florencia Carosella é uma argentina naturalizada brasileira e neta de imigrantes italianos, muito conhecida no Brasil pelo programa de TV “Masterchef Brasil”. Também empresária, escritora e youtuber, a ítalo-argentina radicada no Brasil faz sucesso em todas as suas iniciativas.
O sobrenome Carosella é derivado do nome de família Caroselli, que por sua vez vem de um apelido ligado à atividade do progenitor da família. No centro e no sul da Itália, os lotes de trigo recolhidos pelos agricultores eram no passado chamados de carrosséis.
Além disso, esse termo indicava uma espécie de torneio de cavaleiros com exercícios de habilidade. Essa forma espetacular de jogo incluía uma plataforma de madeira que girava ou uma bola de barro que era lançada entre os jogadores.
Vale lembrar que na Argentina, assim como no Brasil, há diversos casos em que o sobrenome original italiano acabou sendo modificado, de forma até mesmo involuntária, no momento do registro em cartório. Dessa maneira, acabaram sendo “abrasileirados” ou, nesse caso, “argentinizado”, passando de Caroselli para Carosella.
Popularidade
O sobrenome Caroselli é específico a área italiana que inclui as províncias de L’Aquila, Roma e Isernia. Na Itália existe a variante Carosello, mas é muito rara, com ocorrência nas regiões da Campania, Abruzzo e Puglia.
Já o sobrenome Caroselli possui cerca de 220 famílias na Itália, segundo o site Cognomix. Os locais onde esse sobrenome é mais popular são as regiões do Lazio (122 famílias), Abruzzo (23) e Molise (13).
O nome de família Caroselli é 1750° mais popular na região de Molise, o 609º na província de Isernia e o 30º em popularidade na cidade de Faeto, na província de Foglia, região da Pugia.
Trajetória de Paola Carosella
Paola Florencia Carosella nasceu em Buenos Aires no dia 30 de outubro de 1972, em uma família de imigrantes italianos. Filha do fotógrafo Roberto Carosella e da advogada Irma Polverari, ela morou em Morón, cidade distante 17 quilômetros da capital Buenos Aires, em um bairro pobre, próximo de seus avós paternos.
Quando seus pais se separaram, ela tinha 3 anos e acabou indo morar com a mãe em um apartamento em Buenos Aires, comprado com um dinheiro dado pelo seu avô à sua mãe.
O relacionamento dos pais era bastante conturbado, muito por conta dos problemas de saúde mental pelos quais passou seu pai, que era maníaco-depressivo e acabou se suicidando no ano 2000.
Infância difícil
Em uma de suas entrevistas, Paola contou que depois que os pais se separaram, ela só viu o pai uma vez, três anos depois da separação, quando ele já estava internado em um hospital psiquiátrico.
Ela contou ainda que para seu avô paterno, um imigrante italiano bruto e pró-Mussolini. Ter um filho com problemas mentais era considerado uma vergonha. Por isso, sua mãe acabou se ressentindo com os sogros, que tinham condições financeiras para ajudar, mas acabaram se omitindo.
Por sua vez, a mãe de Paola Carosella tentava da melhor forma possíveis cuidar do marido e da filha. E a relação entre Paola e a mãe também era difícil, pois Irma Polverari era muito controladora e exigente com a filha.
Para completar o quadro de infância difícil de Paola, ela presenciou três tentativas de suicídio da mãe, tendo que socorrê-la, quando ainda era criança. Por fim, Irma Polverari foi encontrada morta na piscina de casa, aos 47 anos, em 1999, um ano antes do ex-marido e pai de Paola cometer suicídio.
Início na cozinha
Por outro lado, Paola também tem lembranças boas da juventude na Argentina, em meio a uma família de imigrantes italianos que conservava a tradição das mulheres que ainda plantavam, colhiam e cozinhavam intensamente.
Ela conta que cresceu na horta e no pomar, rodeada de galinhas e coelhos. Se avô materno Lino era um grande pescador e caçador, por isso, a casa sempre tinha rãs, caracóis, peixes de rio e de mar, lebres, porcos selvagens, javalis, pombos e codornas.
“Todo tipo de bicho, que ia parar na panela após horas de limpeza: tirávamos as penas, a lama, milhões de espinhos, abríamos as conchas, separávamos os músculos dos ossos e peles. A cozinha sempre foi e continua sendo o meu lugar preferido da casa, do mundo inteiro”, declarou Paola Carosella.
Ela contou ainda que tanto a avó Maria, mãe de seu pai, quanto sua avó Mimi, mãe de sua mãe, cozinhavam muito bem, sempre utilizando ingredientes frescos do próprio quintal.
Paola Carosella pelo mundo
Após terminar o período escolar correspondente ao ensino médio na Argentina, Paola Carosella começou a trabalhar em restaurantes de Buenos Aires.
Na capital argentina, ela trabalhou com os cozinheiros Paul Azema e Francis Mallmann e depois partiu para outras experiências mundo afora. Em Paris, trabalhou no Le Grand Vefour, Le Celadon e Le Bristol. Nos Estados Unidos, trabalhou na Califórnia, no Zuni Café. Também trabalhou em Los Negros (Uruguai), no 1884 em (Mendoza, Argentina), no Patagonia Sur (Buenos Aires) e no Patagonia West (Nova Iorque), entre outros locais.
Paola Carosella em São Paulo
Em 2001, ela foi convidada a se mudar para São Paulo para abrir e dirigir a cozinha do Figueira Rubaiyat, ao lado de Francis Mallmann e Belarmino Fernandes Iglesias.
Em 2003, ela inaugurou o restaurante Julia Cocina e em 2008 lançou o Arturito, restaurante destinado à cozinha simples. Em 2014, Paola abriu com o sócio Benny Goldenberg o La Guapa Empanadas Artesanais e Café, um café com empanadas e doces latinos artesanais.
Sucesso na TV e nas livrarias
Ainda em 2014, Paola Carosella começou a trabalhar como jurada no programa de TV MasterChef Brasil, ao lado do brasileiro Henrique Fogaça e do francês Érick Jacquin, juntamente com a jornalista e apresentadora Ana Paula Padrão.
Em 2016, ela lançou seu primeiro livro, uma mistura de autobiografia e coletânea de receitas, chamado Todas as Sextas. Em 2019, o Lado C, um projeto para seu próprio programa de TV, foi engavetado pelo canal Band. Em maio 2020, ela estreou apesentando sua série de culinária no YouTube, o Nossa Cozinha.
Em janeiro de 2021, Paola Carosella anunciou sua saída do Masterchef Brasil para focar em projetos particulares, e contratou uma produtora de vídeos para reformular seu canal no YouTube.
Paola Carosella e a filantropia
Paola Carosella se voluntariou em 2015 para cozinhar na Escola Estadual Fernão Dias, em São Paulo, na época ocupada por alunos em protesto a uma proposta de reorganização do governo do Estado.
Ela coordena e apoia o projeto humanitário Cozinha & Voz, feito em parceiro com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O projeto capacita pessoas na área da gastronomia que são constantemente excluídas do mercado de trabalho.
Em junho de 2019, ela cozinhou com uma refugiada síria no Tasty Demais, canal online do site BuzzFeed. A ideia foi promovida pela Agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para Refugiados (ACNUR) para comemorar o Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho.
Em outubro de 2019, Paola Carosella disponibilizou seus livros para doação no projeto Tinder dos Livros. No mesmo mês, participou do projeto Amigoh, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em março de 2020, Paola Carosella se uniu ao restaurante Mocotó, comandado pelo chef Rodrigo Oliveira, o hotel Fasano, o chef Luca Gozzani e produtores de comidas independentes para ajudar a produzir e distribuir gratuitamente marmitas na Vila Medeiros, em São Paulo, em meio à Pandemia de COVID-19
Em 2020 ela anunciou parceria com a ONG Por Um Sorriso, de Felipe Rossi, e a criação de um novo projeto com a Organização Internacional do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho para distribuir mil marmitas por dia.
Em 2021, Paola Carosella participou da preparação do jantar beneficente para a manutenção da Casa do Povo, em São Paulo, e para divulgar o trabalho de agricultores locais de Parelheiros e do FUA (Fundo Agroecológico).
Paola Carosella tem uma filha, Francesca Carosella, nascida em São Paulo em 2011. Entre 2013 a 2021 ela esteve em um relacionamento com o fotógrafo irlandês Jason Lowe.