Cláudio Taffarel, o goleiro da Seleção Brasileira que conquistou o tetracampeonato na Copa de 1994, tem forte ligação com a Itália. A começar do sobrenome, um dos mais antigos e nobres de origem italiana, até os títulos conquistados pela equipe do Parma.
Conhecido apenas como Taffarel, o ex-goleiro e atual treinador de goleiros nasceu em 8 de maio de 1966. Cláudio André Mergen Taffarel nasceu no estado do Rio Grande do Sul, em um hospital de Tuparendi, que na época pertencia ao município de Santa Rosa, mas passou a infância em Crissiumal.
Filho de uma família pobre de descendentes de italianos e alemães, Taffarel gostava de praticar diferentes esportes na infância e adolescência, como vôlei e handebol. Mas foi no futebol que encontrou seu destino e ficou conhecido como um dos maiores nomes do esporte em todo o mundo.
Teste no rival e início na Seleção
Ele chegou a fazer teste no Grêmio, mas foi reprovado, para sorte do arquirrival Internacional, que aprovou o jovem goleiro em 1984. Logo no ano seguinte, aos 19 anos, Taffarel já virou titular do Internacional, substituindo o goleiro Ademir Maria.
Foi também em 1985 que teve sua primeira oportunidade nas categorias de base da Seleção Brasileira. Com muita personalidade, Taffarel se firmou na posição e foi titular do Brasil naquele mesmo ano, na conquista do Campeonato Mundial de Juniores, disputado na União Soviética.
Taffarel se destaca no Internacional
No entanto, como a vida de goleiro não é fácil, no mesmo ano sofreu o primeiro baque de sua carreira, com uma falha num clássico contra o Grêmio. Ao tentar uma reposição rápida, mandou a bola diretamente para as redes, fazendo um gol contra.
Mas o goleiro tinha crédito pelas boas atuações até então. Assim, seguiu titular no Internacional e se transformou no grande ídolo da torcida colorada naqueles tempos difíceis, quando o Grêmio engatou uma sequência de títulos estaduais, entre 1985 e 1990.
Taffarel foi o grande destaque de dois vice-campeonatos brasileiros em sequência do Internacional, em 1987 e 1988. Na época, ganhou a Bola de Prata da revista Placar e, em 1988, conquistou a Bola de Ouro, como melhor jogador do Campeonato Brasileiro.
Chance na Seleção principal
A primeira grande chance na Seleção Brasileira principal foi justamente em 1988, no Torneio do Bicentenário da Austrália, em jogo contra os donos da casa. No mesmo ano, acabou se firmando definitivamente como titular, na disputa do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Seul.
Na semifinal, contra a Alemanha Ocidental, defendeu um pênalti no tempo normal, que terminou empatado em 1 a 1. Na decisão por pênaltis, pegou mais uma cobrança e viu outra bater na trave, garantindo a passagem do time para a final, que acabou com derrota para a União Soviética e a medalha de prata para o Brasil.
Já titular absoluto do gol da Seleção Brasileira, Taffarel conquistou a Copa América de 1989 e foi o titular na Copa de 1990. Mesmo com a eliminação precoce do Brasil, o goleiro teve boas atuações naquela Copa, escapando das críticas pela desclassificação diante da Argentina nas oitavas de final.
Carreira de Taffarel na Itália
Em 1990 foi contratado pelo Parma e se tornou o primeiro goleiro brasileiro a atuar na Itália. Ao todo, Taffarel disputou cinco temporadas pela equipe italiana, em duas passagens, entre 1990 e 1993 e depois entre 2001 e 2003, já no final da carreira.
Conquistou pelo Parma a Copa da Itália, em 1992, e a Recopa Europeia, em 1993. Na temporada 1993-1994, Taffarel foi emprestado pelo Parma para o Reggiana. O reforço valeu a permanência do time na Série A. O grande momento da temporada foi a defesa de um pênalti na última rodada do Campeonato Italiano, contra o Milan.
Taffarel foi considerado um dos melhores goleiros do Campeonato Italiano de 1994 e acabou convocado para sua segunda Copa do Mundo, que foi disputada nos Estados Unidos naquele mesmo ano.
Obstáculos e redenção na Copa de 94
Mas o caminho até a convocação não foi fácil, já que chegou a ser contestado, principalmente durante as eliminatórias para a Copa, em 1993, quando falhou no primeiro gol da vitória da Bolívia por 2 a 0, primeira derrota da Seleção em uma qualificação para Mundiais.
Nos Estados Unidos, veio a redenção, com o título mundial e boas atuações (sofreu apenas 3 gols no torneio). A final contra a Itália terminou em 0 a 0 no tempo normal e acabou decidida nos pênaltis. Taffarel defendeu a cobrança de Daniele Massaro antes de ver Roberto Baggio mandar a bola por cima do travessão, e foi fundamental para a conquista.
Foi na Copa de 94 que o goleiro ficou eternizado no bordão criado pelo narrador Galvão Bueno: “Sai que é sua, Taffarel!”. Em uma entrevista, o narrador declarou que Taffarel foi o maior goleiro que viu jogar na Seleção, mas que o achava “muito parado debaixo da trave nos cruzamentos”, daí a origem do bordão.
Novos desafios de Taffarel
Em 1995, Taffarel voltou ao Brasil, para jogar no Atlético Mineiro, onde foi titular da equipe. No entanto, viveu tempos difíceis novamente. Suas atuações foram questionadas e, após críticas do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, por suposta falha na final da Copa América daquele ano contra o Uruguai, o goleiro decidiu abandonar a Seleção Brasileira.
No dia 12 de outubro de 1995, Taffarel chegou a brigar com torcedores do Atlético em um treino, e agrediu um deles. Em 1997, o técnico Emerson Leão afastou Taffarel do Atlético Mineiro por deficiência técnica. Porém, no mesmo ano, ele decidiu retornar à Seleção Brasileira.
Terceira Copa de Taffarel
O Brasil foi campeão da Copa América em 1997 com Taffarel no gol e, mesmo contestado em seu clube, o goleiro chegou à sua terceira Copa do Mundo, em 1998, como titular.
Novamente, nos momentos mais importantes, Taffarel correspondeu. Na semifinal, contra a Holanda, defendeu duas cobranças na disputa por pênaltis e foi o destaque na partida que levou o Brasil à final. A Seleção Brasileira perdeu para a França e Taffarel se aposentou definitivamente do time brasileiro, após 101 jogos oficiais.
Carreira depois da Seleção
Após sua terceira e última Copa do Mundo, aposentado da Seleção Brasileira, Taffarel foi para o Galatasaray SK, da Turquia. No clube turco também virou ídolo.
No ano 2000, na final da Copa da Uefa contra o Arsenal, da Inglaterra, o goleiro foi novamente herói em uma disputa de pênaltis. Após empate por 0 a 0 no tempo normal, defendeu duas cobranças e o Galatasaray terminou campeão do torneio continental. Com Taffarel, o Galatasaray conquistou ainda dois Campeonatos Turcos e duas Copas da Turquia.
Em 2001, Taffarel retornou ao Parma, onde ficou por mais dois anos, conquistando a Copa da Itália, na temporada 2001-2002, até sua aposentadoria em 2003, aos 37 anos. O goleiro chegou a trabalhar como empresário de atletas, mas logo voltou ao trabalho nos campos, a partir de 2004, como treinador de goleiros do Galatasaray.
Taffarel, um vencedor
Com uma trajetória cheia de altos e baixos, o saldo da carreira mostra um goleiro que soube passar pelas diversidades e dar a volta por cima como um verdadeiro campeão, sempre lembrado como um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro.
Atualmente, Taffarel, que completa 57 anos nessa segunda-feira (08), é treinador de goleiros da Seleção Brasileira e do Liverpool, time da Premier League. E faz parte do Hall da Fama da seleção no Museu do Futebol Brasileiro, ao lado de jogadores como Pelé, Zico, Romário e Ronaldo.
Sobrenome
Segundo o site Cognomix, o sobrenome Taffarel deriva do nome medieval Taffarelo, que por sua vez é uma italianização do nome de origem árabe Tafar ou Tafur.
Em alguns casos, o sobrenome pode também derivar de um apelido que indicava a profissão de produtor ou vendedor de louças.
O sobrenome Taffarel é específico da região leste de Treviso. Já sua variante Tafaro, muito rara, tem alguma presença na província de Siracusa e na de Potenza. Outras variantes desse sobrenome são Taffarelli, Taffarello, Tafaro, Taffari, Taffaro e Tafforelli.
Existem aproximadamente 88 famílias Taffarel na Itália, sendo as regiões com maior presença as seguintes: Vêneto (60), Friuli-Venezia Giulia (9) e Piemonte (8).
O sobrenome Taffarel é 5663° em popularidade na região do Vêneto, o 1440° na província de Treviso e o 43º mais comum no município de Fregona, que fica na província de Treviso, região do Vêneto.