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Símbolo da Itália no mundo, Monica Bellucci completa 60 anos

Italiana tornou-se estrela das passarelas e de Hollywood.

Italiana tornou-se estrela das passarelas e de Hollywood.
Monica Bellucci nasceu em 30 de setembro de 1964 | Foto: Shutterstock.

Este é um conto de fadas que se assemelha mais às histórias das divas italianas do pós-guerra do que à esplêndida realidade que faz de Monica Bellucci hoje uma estrela internacional.

Na última segunda-feira (30), a atriz completou 60 anos e acaba de conquistar aplausos no Festival de Veneza por sua participação em “Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice”, dirigido por seu novo parceiro Tim Burton, mas sua história vem de longe, da pequena vila de San Giustino, a poucos passos de Città di Castello, na Úmbria, onde nasceu em 30 de setembro de 1964.

Foi neste território que a filha do operário Pasquale e da dona de casa Brunella cresceu. Desde pequena, Bellucci chamava atenção com seus cabelos escuros, sorriso aberto. Ela frequentava a escola em Città di Castello, onde obteve o diploma do ensino médio e, para pagar a universidade em Perugia, concordou em posar de modelo.

Os anos 1980 estavam apenas começando, ainda não existiam reality shows e sua escolha a aproximou de ícones como Silvana Mangano, Sophia Loren, Marisa Allasio.

Entre mil dúvidas e outros tantos sonhos, Bellucci chegou a Milão em 1988, contratada por uma agência de moda que lhe abriria as portas das mais prestigiadas passarelas.

Entretanto casou-se (mesmo que o matrimônio com o fotógrafo Claudio Basso tenha durado algumas semanas), saiu de casa, mudou o sotaque da Úmbria e foi na Cinecittà onde conseguiu o seu primeiro contrato para a minissérie televisiva “Vita coi figli”, de Dino Risi, no papel da jovem Elda que faz o idoso Adriano (Giancarlo Giannini) enlouquecer.

Em poucos meses, dois acontecimentos mudaram a sua vida: ela se apaixonou pelo colega Nicola Farron, com quem viveu quase seis anos, e Francesco Laudadio lhe ofereceu o papel principal em “La riffa”, filme que faria sua estreia nos cinemas.

Durante anos, Bellucci alternou atuação com passarelas de moda, cujo sucesso a tornou conhecida no exterior e a protagonista do “jet-set”.

“Bellucci é séria”, era possível ouvir na Cinecittà tendo em vista que, aos 30 anos, ela já conseguia atuar em inglês. Por isso, Francis Ford Coppola a escolheu em “Drácula de Bram Stoker” (1992), enquanto na Itália trabalhou com Carlo Vanzina, Maurizio Nichetti, Antonello Grimaldi.

O segundo passo decisivo em sua carreira de atriz ocorreu em 1996. No auge de sua popularidade como modelo, ela aceitou um filme na França, “L’appartement”, de Gilles Mimouni, com Vincent Cassel. O amor irrompeu entre os dois e causou uma chuva de propostas para ela.

A união do fascinante casal durou 14 anos, pontuados pelo nascimento de duas filhas e caracterizados pela existência nômade de Bellucci entre Londres, Paris, Roma e Rio de Janeiro, onde mais tarde descobriu que Cassel levava uma vida amorosa dupla sem o seu conhecimento. Quatro anos depois, porém, o cinema italiano ofereceu-lhe uma nova e importante oportunidade, depois de numerosos filmes rodados na França. Giuseppe Tornatore fez dela a protagonista absoluta de “Malena”, enquanto desembarcava no Festival de Cannes pela primeira vez com o longa “Sob suspeita”, de Stephen Hopkins, que filmou ao lado de dois monstros sagrados: Gene Hackman e Morgan Freeman.

Naquela ocasião, Bellucci era a estrela italiana mais amada do mundo. Ela tornou-se a sensação do momento como a rainha Cleópatra no título de maior sucesso da série “Asterix & Obelix” e a versão de “Ti amo” (Umberto Tozzi), acompanhada por ela com muita autoironia.

Na sequência, a diva italiana pode escandalizar os sensatos com o polêmico “Irreversível”, de Gaspar Noè, pela tórrida cena de estupro protagonizada com Cassel, com a qual ela conseguiu retornar a Cannes como madrinha da edição de 2003 do festival.

 Além disso, se juntou ao elenco de ” Matrix” e tornou-se a Maria Madalena em “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson.

A italiana é hoje um ícone dos anos 2000 e por isso Terry Gilliam a vestiu de bruxa em sua versão de “Os Irmãos Grimm”; Sam Mendes a quis como Bond Girl em “Spectre”, ao lado do novo 007, Daniel Craig; Emir Kusturica a comprometeu por muito tempo ao seu lado no conturbado “On the Milky Road” – três anos de filmagem com longos intervalos.

Terminada a história de amor com Cassel, ela se dedicou às filhas (Deva estreou recentemente como atriz), trabalhou continuamente em cinema e TV na Itália, França e Hollywood, recebeu os primeiros prêmios da carreira, voltou a Cannes como madrinha, fez sua estreia no teatro como Maria Callas, iniciou um namoro com Burton, com quem vai morar em Londres.

Estes são instantes de uma carreira e de uma existência vivida intensamente, à altura do sucesso, mas sempre com o ar de normalidade defendido ferozmente pela glória efêmera das passarelas.

Na verdade, Bellucci continua sendo sempre Monica, capaz de zombar de seu sotaque nativo (como em “N”, de Paolo Virzì), uma mãe carinhosa e muito mediterrânea, uma amante ciumenta e reservada, uma estrela internacional que sempre ama recordar as suas raízes e a dívida de gratidão para com a Itália. Como quando em 2006 aceitou, sem qualquer compensação, ser anfitrião do Festival de Cinema de Roma ou exibiu um porte distante e altivo em dois episódios de “Diabolik”, dirigidos pelos Manetti Bros.

No início de uma nova vida como protagonista, a atriz italiana mais famosa do mundo hoje pode olhar para trás com um sorriso.
Claro, parafraseando Celentano, “aquela menina percorreu um longo caminho”. (ANSA)

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