Salgados fritos com recheios bem generosos não é uma exclusividade da cozinha brasileira.
Na Itália, um primo muito próximo da nossa coxinha faz sucesso entre moradores e turistas por ser o quitute ideal para todas as horas e todas as ocasiões possíveis.
Encontrado em qualquer canto do país da bota, o arancino é mais uma das delícias imperdíveis que os italianos criaram para o legado gastronômico do mundo – e parece que eles sabiam muito bem o que estavam fazendo.
Geralmente preparado no formato redondo, o arancino nada mais é que um bolinho de arroz recheado, empanado e frito, tradicional da região da Sicília, no sul da Itália.
Comida de rua
“É uma comida barata, poderia ser considerada no Brasil uma comida de boteco ou padaria. O arancino é servido em pequenos bares, junto com outras especialidades sicilianas salgadas e doces, mas também em bancas de rua e até no traghetto, barco que faz a travessia da Calábria para a Sicília”, explica o chef Daniel Frenda, especialista em cozinha italiana e professor de gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
Chamados de arancini no plural, esses bolinhos tiveram o nome derivado da palavra arancia, que significa “laranja” em italiano, por lembrar o formato esférico da fruta.
“Curiosamente, na cidade de Catânia, o arancino é feito com uma ponta, parecendo muito o formato de uma coxinha”, afirma Frenda.
De acordo com ele, a origem do bolinho “é incerta, mas certamente está ligada com a presença muçulmana na ilha italiana, já que foram eles os responsáveis pela introdução do arroz e do açafrão na culinária siciliana”.
Como fazer arancino
Embora seja muito popular entre os italianos, o arancino está longe de ser um prato amplamente reproduzido nos cardápios de bares e restaurantes no Brasil.
Seja pela concorrência com outros quitutes fritos ou pela complexidade em se preparar um risoto para a base da massa, ele ainda é pouco encontrado por aqui. Mas a boa notícia é que dá para fazer em casa uma deliciosa receita de arancini, ensinada por Frenda.
Segundo o chef, o primeiro ponto importante no preparo do bolinho é o tipo de arroz escolhido, que deve ser sempre de grão curto italiano, como arbório, carnaroli ou vialone nano.
Em seguida, para dar cor e sabor ao prato, Frenda diz que os grãos podem ser coloridos com açafrão ou molho de tomate durante o cozimento. “Apenas tome cuidado para o arroz não ficar muito úmido ou será difícil de modelar o bolinho”, completa.
Coadjuvante de destaque no conjunto, o recheio pode levar todo tipo de combinação de ingredientes, desde que casem entre si.
“O mais tradicional é o de ragu de carne, ervilha fresca e queijo caciocavallo, mas existem variações com funghi, presunto e queijo, espinafre com ricota, somente queijo e até doce”, conta o chef.
E uma dica para deixar o quitute ainda mais gostoso é sempre colocar um pedaço de queijo no centro do bolinho que vai derreter na hora da fritura.
Bolinho de arroz já é uma delicia. Imagina de risoto. Na Itália ele é conhecido como arancino ou arancini (no plural).