Adenor Leonardo Bachi, o Tite, é o treinador da Seleção Brasileira que a partir dessa semana tentará o hexacampeonato na Copa do Mundo do Qatar. Será, portanto, esse ítalo-brasileiro de 61 anos o responsável por comandar mais uma missão brasileira em mundiais.
Vamos começar falando sobre a origem de seu sobrenome. Bacchi – perdeu um “c” no caso da família de Tite – deriva de modificações do nome Bachisius ou de formas alteradas do nome latino Bacchus, como era chamado o Deus do Vinho e dos Vícios (equivalente ao grego Dionísio).
Esse sobrenome tem uma linhagem nas províncias de Cremona e Mântua, na região da Lombardia. Também possui linhagens na região da Emilia-Romagna, nas áreas de Florença e Pisa (região da Toscana), em Ancona, na região de Marche, Perugia e Terni, cidades da região da Úmbria, Viterbo, no Lácio, além de áreas romanas e da Sicília.
Entre suas variantes, estão os sobrenomes Bacchelli, Bacchus, Baccolini, Bachi, Bachin, Bachini, Bacchino, Bacchio e Baccolini
Popularidade
Segundo o site italiano Cognomix, existem aproximadamente 1391 famílias Bacchi na Itália, sendo as regiões com mais ocorrências a Emilia-Romagna (483), a Lombardia (363) e a Toscana (136).
O sobrenome Bacchi é 533º em popularidade na região da Úmbria, o 70º mais popular na província de Mântua, localizada na Lombardia, e o 4º mais comum no município de Boretto, localizado na região da Emilia-Romagna.
Trajetória de Adenor Bachi
Nascido em 25 de maio de 1961 em Caxias do Sul, interior do Rio Grande do Sul, Adenor Leonardo Bachi é filho de Ivone Mazochi e Genor Bachi. Filho do meio, tem uma irmã mais velha, chamada Beatriz, e um irmão mais novo, Ademir, o Miro.
Seu avô paterno era Fermino Bachi, também nascido em Caxias do Sul, e seu bisavô era Andrea Bachi, nascido em Viadana, na fração Cizzolo, província de Mântua. Sua esposa, Domenica Maria Mazzocchi, era de San Matteo delle Chiavvi, em Viadana, província de Mântua.
Eles chegaram ao Brasil em 1883 e se estabeleceram na província de São Braz. O sobrenome da família veio “Bacchi” da Itália, mas perdeu um “c” no Brasil, ficando “Bachi”.
Na infância, seu apelido era Ade e sua maior diversão era jogar futebol com o irmão Miro, incentivado pelo pai. A família de origem italiana morava em uma travessa da rua Sinimbu, no bairro de Lourdes, e dona Ivone trabalhava como costureira para a família conseguir pagar as contas.
Os irmãos estudavam no Colégio Estadual do Guarani, que não tinha uma quadra para jogar. Por esse motivo, muitas vezes os irmãos pulavam o muro dos fundos de um colégio particular de freiras, que ficava perto de onde moravam, para conseguir jogar.
Carreira como jogador
Na década de 1970, Luiz Felipe Scolari, ex-jogador do Caxias, já iniciava sua carreira de treinador no time da Escola Estadual Cristóvão Mendonza. Foi ele quem descobriu o talento de Ade para o futebol.
Adenor Bachi, o Ade, jogava no time do Colégio Estadual Emilio Meyer (antigo Colégio Estadual do Guarani) e durante um torneio escolar, Scolari observou aquele camisa 10 fazendo dupla de meio-campo com outro jogador, que tinha o apelido de Tite. Scolari levou Ade para um teste no Caxias, mas confundiu os apelidos e o apresentou como Tite, apelido que o acompanhou por toda a carreira.
Como atleta, o volante Tite passou também por Bento Gonçalves e Portuguesa de Desportos, até chegar ao Guarani de Campinas, onde foi vice-campeão brasileiro duas vezes e vice do Campeonato Paulista. Apesar do sucesso no clube, passou por várias lesões e precisou encerrar a carreira precocemente por um problema sério em um dos joelhos.
Adenor Bachi treinador
Após encerrar a carreira de jogador aos 28 anos, Adenor Bachi decidiu estudar e se formou em Educação Física. Assim, em 1990, começou sua carreira como treinador, em diversos clubes do Rio Grande do Sul: Guarani de Garibaldi, Veranópolis, por onde conquistou a segunda divisão do Gaúcho, Ypiranga e Juventude, até voltar para sua casa, o Caxias do Sul.
No ano 2000, o Caxias de Tite derrotou o Grêmio de Ronaldinho no estadual e chamou a atenção do Brasil. No ano seguinte, o treinador foi contratado pelo Grêmio, e seu início foi surpreendente – foi campeão estadual e da Copa do Brasil.
Depois disso, o treinador foi para o São Caetano e, em 2005, teve sua primeira passagem pelo Corinthians. Antes do seu grande momento vitorioso, Tite passou por Atlético Mineiro, Palmeiras, Al Ain e, em 2009, chegou ao Internacional, time pelo qual conquistou a Copa Sul-Americana.
Fazendo história no Corinthians
Nos anos seguintes, Tite entrou para a história com o Corinthians. Ficou em terceiro lugar no Brasileirão de 2010, mas teve, no ano seguinte, a dramática eliminação na Libertadores e a derrota para o Santos no Estadual. Ainda assim, ficou no clube e, no final de 2011, foi campeão brasileiro pela primeira vez.
O ano de 2012 foi o mais vitorioso. Venceu a Copa Libertadores de forma invicta e conquistou o mundo ao bater o Chelsea por 1 a 0, com gol do atacante Paolo Guerrero. O treinador só terminou sua segunda passagem pelo time paulista em 2013 e decidiu tirar 2014 para estudar e descansar.
Finalmente a Seleção Brasileira
Naquele ano, veio a frustração de não ir para a Seleção Brasileira após o fracasso canarinho na Copa do Mundo do Brasil. Em seu lugar, foi chamado o ex-treinador Dunga.
No entanto, mais uma vez Tite deu a volta por cima. Retornou em 2015 para o Corinthians, conquistou o Brasileirão pela terceira vez e, finalmente, em 2016, assumiu a tarefa de reorganizar uma Seleção Brasileira desestruturada e com risco de não jogar o Mundial de 2018.
Sob seu comando, a missão foi muito bem cumprida. A seleção de Tite jogou bem e se classificou antecipadamente nas Eliminatórias. Na Copa do Mundo, o Brasil era um dos favoritos, mas foi eliminado pela Bélgica nas quartas-de-final.
Adenor Bachi pode conquistar o hexa
Adenor Leonardo Bachi, o Tite, continuou no comando da Seleção Brasileira. Foi campeão da Copa América em 2019, mas perdeu o título para a Argentina em 2021. Mesmo assim, seu trabalho vem sendo elogiado pela boa atuação nas Eliminatórias e o brasileiro está otimista pela boa safra de atacantes que está desembarcando no Qatar.
Em fevereiro de 2022, Tite anunciou que deixará a seleção após o final da Copa do Mundo de 2022, seja qual for o resultado. Se for campeão mundial, sua carreira terá sido coroada com o mais cobiçado título de um treinador de futebol.