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Escritor ítalo-brasileiro cria associação para ajudar estrangeiros na Itália

Ao realizar o caminho contrário e viver o duro cotidiano de imigrante na Itália, ele resolveu criar uma associação para ajudar estrangeiros a se adaptarem ao país

O escritor ítalo-brasileiro Mario Contini Junior vive na própria pele o tema da imigração. Seus pais italianos imigraram ao Brasil e trabalharam na construção de Brasília, onde ele nasceu, em 1962, apenas dois anos depois da fundação da capital brasileira.

Após se graduar em Letras na Universidade de Brasília, com 27 anos de idade, Contini Junior decidiu morar na Itália, onde se formou em Ciências Políticas na Universidade La Sapienza, em Roma. Há 30 anos, ele vive na terra onde nasceram seus pais. Apesar da dupla cidadania, ainda se sente um imigrante e por isso escolheu ajudar pessoas que tomaram a mesma decisão que ele.

Em 2004, Contini Junior fundou a Associação Intercultural Pontum, que colabora com escolas fazendo mediação cultural em comunidades estrangeiras. Ele conversou com a RFIna sede da instituição que fica em Nettuno, cidade litorânea a 60 quilômetros ao sul de Roma.

“Eu sou o sétimo de uma família de dez filhos. Acho que todos os filhos de italianos que nascem e vivem no exterior se sentem muito mais italianos porque a tendência dos italianos é aquela de transmitir para os filhos uma Itália que não existe, imaginada por eles, que é utópica. Eles transmitem uma ideia falsa aos filhos. Eu, por exemplo, cresci com essa ideia da Itália que era muito diferente daquela que eu encontrei aqui. Tanto que quando eu cheguei eu falei: acho que eu peguei o avião errado, desci no país errado”, brinca.

Mario Contini na Associação Cultural Pontum. Foto: Gina Marques

Três livros publicados

“Italiano por acaso” é o primeiro de seus três livros que publicou na Itália. O livro autobiográfico conta a história dos pais, Francesco e Dalia, que no início da década de 1950 deixaram o país devastado pela Segunda Guerra Mundial e foram ao Brasil em busca de oportunidades de trabalho. As outras duas obras são “Canudos, a Guerra no Sertão do Brasil” e “Os Demônios com Botas – a Guerrilha do Araguaia”.

“Eu escrevo sempre sobre o Brasil. Eu escolhi alguns temas importantes para mim. Sou apaixonado pelo Nordeste brasileiro, pelo movimento dos cangaceiros, pelas revoltas sociais brasileiras, e também pelos movimentos no Sul do Brasil, por exemplo a Guerra do Contestado. São os argumentos que eu trato hoje porque naquele período que eu estava no Brasil eu não tinha acesso a estas coisas. Aprendi a amar e conhecer o Brasil aqui fora”, disse.

Mario explica porque decidiu morar na terra dos pais. “O meu foi um exílio cultural porque, naquele período, o Brasil saía de uma ditadura militar que durou até 1985, e as coisas não eram fáceis” ressaltou.

Nestes 30 anos em que vive na Itália, o escritor se casou com uma polonesa com quem tem uma filha de 4 anos, nascida em Roma. “Essa é mais uma história de imigrantes na minha vida”, comenta em tom de brincadeira.

“Eu poderia pedir a nacionalidade polonesa, porque nunca se sabe o dia de amanhã. Mas quando vejo que a extrema-direita está crescendo no Brasil, na Polônia e aqui na Itália, eu me pergunto para onde eu posso fugir.”

Trabalhar com imigrantes

Quinze anos atrás, depois de fazer um curso de mediação intercultural linguística junto com 17 estrangeiros de 13 nacionalidades, Contini Junior teve a ideia de fundar a Pontum. A associação é financiada por doações voluntárias. O objetivo é ajudar a inserção de estrangeiros na Itália, adultos e crianças, mas principalmente chamar a atenção dos italianos que a convivência com imigrantes representa um enriquecimento cultural.

“Nós trabalhamos também nas escolas realizando projetos interculturais com crianças estrangeiras. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o alvo não é a criança estrangeira e sim a italiana. Os italianos precisam aprender a conviver com os estrangeiros. Trabalhar com os imigrantes me fez crescer humanamente. A Itália poderia crescer tanto com os estrangeiros, melhorar a nível humano e cultural. Talvez, assim, o racismo poderia ser superado. Infelizmente isso ainda não aconteceu”, conclui.

Por Gina Marques / RFI

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