O cantor Renato Russo, nome artístico de Renato Manfredini Júnior, foi uma das personalidades mais importantes do rock brasileiro. Tanto seu nome artístico quanto seu sobrenome verdadeiro são de origem italiana.
Ele escolheu o “sobrenome” Russo como nome para sua carreira artística em homenagem a figuras que admirava, como os filósofos Bertrand Russell (inglês) e Jean-Jacques Rousseau (suíço) e o pintor francês Henri Rousseau.
Na Itália, esse sobrenome teve como origem o apelido colocado em pessoas ruivas, com os cabelos de coloração avermelhada, ou ainda devido à cor da pele do antepassado.
Origem do sobrenome Russo
O sobrenome Russo é o segundo mais popular na Itália, perdendo apenas para o nome de família Rossi. Ele se encontra em toda a península, com maior concentração nas regiões da Campânia, especialmente nas província de Nápoles e Sicília.
Suas variantes são os sobrenomes Russa, Russetti, Russino, Russolo, Russotti, Russotto e Russu.
Segundo o site italiano Cognomix, existem cerca de 50312 famílias Russo na Itália, principalmente nas regiões da Campânia (16.298), Sicília (9.555) e Puglia (4.956).
Esse sobrenome é o mais popular na Sicília, na província de Catânia e na cidade de Catânia.
Origem do sobrenome Manfredini
Já o sobrenome Manfredini deriva do nome germânico Manifred, que na Idade Média se pronunciava Manifredus e em italiano se pronuncia Manfredo. Esse nome tem o significado de “paz mantida pela força”.
O sobrenome Manfredini é típico da região da Emilia-Romagna, mas também possui linhagens no leste da Lombardia.
Existem aproximadamente 2599 famílias Manfredi na Itália, principalmente na Emilia-Romagna (1219), Lombardia (683) e Toscana (250).
O sobrenome Manfredini é o 121º mais popular na região da Emilia-Romagna, o 18º na província de Modena e o terceiro mais comum na cidade de Pievepelago, localizada em Modena.
Ascendência italiana de Renato Russo
O cantor, compositor e produtor Renato Russo ficou conhecido como vocalista da banda Legião Urbana, formada em Brasília na década de 1980. Antes disso, ele integrou o grupo Aborto Elétrico, que tinha em sua formação Fê Lemos, atual baterista do Capital Inicial.
Nascido no Rio de Janeiro em 27 de março de 1960, Renato era filho do economista Renato Manfredini e da professora de inglês Maria do Carmo de Oliveira, ambos paranaenses.
Os Manfredini eram imigrantes italianos originários da comuna de Sesto ed Uniti, na província de Cremona, que se instalaram no estado do Paraná.
Infância e juventude
Até os seis anos de idade, Renato viveu no Rio de Janeiro junto com sua família. Começou a estudar cedo no Colégio Olavo Bilac, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Em 1967, foi com a família para Nova Iorque, pois seu pai, funcionário do Banco do Brasil, foi transferido para agência de Forest Hills, no distrito do Queens.
Nessa época, Renato foi introduzido à língua e à cultura norte-americana. Em 1969, a família voltou para o Brasil e Renato foi morar na casa de um tio, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro.
Superação em Brasília
Em 1973, a família trocou o Rio de Janeiro por Brasília. Dois anos depois, aos quinze anos de idade, Renato foi diagnosticado portador de epifisiólise, uma doença óssea. Foi submetido a uma cirurgia para implantação de três pinos de platina na bacia.
Acabou ficando seis meses na cama, quase sem fazer movimentos, e permaneceu cerca de um ano e meio em recuperação. Durante o período de tratamento, Renato se dedicou quase que integralmente a ouvir música e iniciou sua extensa coleção de discos dos mais variados estilos. Pouco depois, passou no vestibular para jornalismo no Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub).
Aborto Elétrico
Entre 1978 e 1981, Renato trabalhou como professor de língua e literatura inglesa na Cultura Inglesa e fez alguns trabalhos como jornalista em programas de rádio. Ao mesmo tempo, formava a banda Aborto Elétrico ao lado de Fê Lemos e do guitarrista André Pretorius, todos influenciados pelo punk rock inglês e americano. Nessa banda, Renato Russo tocava baixo e cantava.
A banda chegou a ter no baixo Flávio Lemos, irmão de Fê Lemos e atual baixista do Capital Inicial, além de Ico Ouro-Preto, irmão de Dinho Ouro-Preto, que mais tarde seria vocalista do Capital. Foi nessa época que a banda compôs músicas como Tédio (Com um T bem grande pra você) e Que país é esse?, que depois entrariam para o repertório da Legião Urbana, e Veraneio Vascaína, que ficou com o Capital Inicial.
Quando a banda estava ganhando alguma fama no circuito punk de Brasília, Fê e Renato brigaram e o Aborto Elétrico acabou.
Trovador Solitário e Legião Urbana
Renato continuou por um tempo como O Trovador Solitário, cantando e tocando violão de doze cordas, mas depois formou uma banda com Marcelo Bonfá na bateria. Em 1982, com Dado Villa-Lobos na guitarra e Renato Rocha no baixo, essa banda se transformou na Legião Urbana.
Suas principais influências eram as bandas de pós-punk que surgiram na época. Renato Russo se espelhava em nomes como Robert Smith, vocalista do The Cure, e Morrissey, vocalista da banda The Smiths.
À frente da Legião, que contou com o baixista Renato Rocha entre 1984 e 1989 e depois seguiu com Renato, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, o artista Renato Russo viveu o auge de sua carreira, criando uma relação até messiânica com os fãs, que se identificavam com suas letras que falavam de conflitos da adolescência, sempre em tom contestador com relação às hipocrisias da sociedade.
Drogas e bissexualidade
Em algumas entrevistas, Renato falou abertamente de seu vício em drogas, que chegou até mesmo a atrapalhar a banda em alguns shows, conforme relato de Dado Villa-Lobos.
Em 1990, Renato assumiu publicamente sua bissexualidade, que havia sido revelada por ele à sua mãe pouco antes. Apesar da mentalidade conservadora da época e de tentativas de exploração do assunto pela mídia, o artista sempre lidou naturalmente com o tema, que inclusive foi abordado em algumas letras da banda, como Meninos e Meninas.
A morte de Renato Russo
Renato Russo morreu em 11 de outubro de 1996, aos 36 anos, devido a complicações causadas pelo HIV, doença que nunca assumiu publicamente. Ele teria contraído o vírus após se envolver com um rapaz soropositivo que conheceu em Nova Iorque, em 1989.
Como legado, Renato deixou oito álbuns de estúdio da Legião Urbana, além de cinco álbuns ao vivo e alguns lançados postumamente. Gravou ainda três discos solo e cantou ao lado de artistas como Herbert Vianna, Adriana Calcanhotto, Cássia Eller e Erasmo Carlos.
Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone Brasil promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira e Renato Russo ficou com o 25º lugar.
Ele deixou um filho, o produtor cultural Giuliano Manfredini, que na época de sua morte tinha 7 anos de idade. Também deixou uma irmã, a cantora, atriz e professora de inglês Carmem Teresa Manfredini.
A banda vendeu cerca de 20 milhões de discos durante a vida de Renato. E segue como um dos grupos mais populares de todos os tempos no Brasil.
Músicas como Será, Pais e Filhos, Eu Sei, Tempo Perdido e Índios, entre tantas outras, continuam impactando várias gerações de fãs de rock brasileiro desde a década de 1980.
Renato Russo no cinema
Em 2013 foi lançado o filme Somos Tão Jovens, com direção de Antônio Carlos da Fontoura, que retrata a adolescência de Renato Russo e o início de seu interesse pela música, incluindo os dois primeiros anos da Legião Urbana. O papel de Renato Russo foi feito pelo ator Thiago Mendonça.
No mesmo ano, entrou no circuito nacional o filme Faroeste Caboclo, adaptação da canção homônima de Renato, dirigido por René Sampaio. O elenco traz nomes como Fabrício Boliveira (João de Santo-Cristo) e Ísis Valverde (Maria Lúcia).
Em janeiro de 2022 foi lançado o filme Eduardo e Mônica, também inspirado em uma música da Legião Urbana. O elenco traz Gabriel Leone (Eduardo) e Alice Braga (Mônica) e a direção também ficou com René Sampaio.