A Vilma Alimentos foi fundada em 1925 por Domenico e Giuseppina Della Costa. O casal italiano criou uma das maiores indústrias alimentícias do Brasil.
Essa história de enorme sucesso tem origem com a chegada ao Brasil do italiano Domenico Della Costa, em 1923, vindo da pequena cidade de Morigerati, que fica na região da Campagna, província de Salerno, no sudoeste da Itália.
No início, Domingos, como passou a ser chamado no Brasil, realizou alguns trabalhos de fabricação e comercialização de massas ao lado do irmão Giuseppe, que já estava no Brasil. No ano seguinte, já devidamente ambientado, pediu para a família vir da Itália.
Família Costa chega ao Brasil
Após 18 dias de viagem, no dia 24 de junho de 1924, sua esposa Giuseppina chegou ao porto do Rio de Janeiro com as crianças, onde Domenico aguardava. A família logo embarcou em um trem para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, onde a família de italianos escolheu fazer sua vida no novo país.
Com a experiência adquirida no negócio de massas ao lado do irmão Giuseppe, o italiano Domingos resolveu abrir com a esposa Josephina, como passou a ser chamada no Brasil, uma pequena fábrica na Rua Goitacazes, no Barro Preto, bairro situado no limite entre as áreas urbana e suburbana de Belo Horizonte.
Era um barracão alugado, onde também morava a família. Ali também foi o local onde nasceu Nélide, a primeira filha ítalo-brasileira do casal cada vez mais “brasileiro” Domingos e Josephina. A força de trabalho era familiar e a farinha utilizada para a fabricação das massas era importada do Rio de Janeiro ou de São Paulo, já que Belo Horizonte ainda não tinha estabelecimentos de moagem.
Surge a marca Vilma Alimentos
Apesar das dificuldades iniciais, a massa artesanal de receita italiana foi conquistando clientes e, em 1927, após muita economia, os Costa conseguiram adquirir uma máquina que produzia 100 quilos dos mais diversos tipos de massas. Além disso, a empresa se mudou para um barracão em uma área central, na Avenida Afonso Pena. Agora, além do trabalho familiar, a empresa contava com 15 funcionários.
Em 1937, Josephina Costa criou a marca Vilma Alimentos, em homenagem a uma de suas filhas, e o casal instalou sua primeira loja em Belo Horizonte, para dar vasão aos produtos. Sempre mantendo a fabricação artesanal, novas instalações foram construídas e a produção foi crescendo rapidamente.
Segunda geração assume os negócios
Pouco mais de uma década depois, em 1949, a segunda geração da família já assumia a empresa: Paschoal Costa, filho de Domingos e Josephina, tomou a frente dos negócios e deu continuidade ao trabalho dos pais.
Em 1952, a fábrica mudou para um novo endereço na Cidade Industrial, no município de Contagem, em Minas Gerais, e o primeiro moinho foi construído.
Domingos Costa morreu em 1960, aos 77 anos, em Belo Horizonte. Ele teve tempo de ver o fruto do trabalho iniciado naquele pequeno galpão começar a se transformar em um negócio próspero nas mãos de sua família, que o ajudou a construir cada passo da empresa.
Vilma Alimentos moderniza a fábrica
Nos anos seguintes, a Vilma Alimentos começou a lançar uma série de marcas e produtos no mercado, que foi consolidando seu nome como uma das empresas líderes no segmento de massas para macarrão, baseadas na receita original trazida da Itália por Josephina.
No início da década de 1980, a direção da Vilma Alimentos recebeu um novo integrante, representando a terceira geração da família Costa: Domingos Costa Neto, filho de Paschoal. Sua prioridade foi transformar a empresa em uma competidora ainda mais forte na indústria de massas.
Uma de suas medidas foi trocar todo o maquinário por peças Bühler, marca alemã considerada a Mercedes-Benz dos equipamentos da indústria alimentícia. O salto na capacidade produtiva e a redução no índice de perda de farinha de trigo foi de grande relevância.
Diversificação de produtos
Além disso, ele passou a investir na abertura de filiais, dando os primeiros passos da expansão da Vilma Alimentos. Hoje, além da matriz em Contagem-MG, a empresa tem filiais em Juiz de Fora-MG, Montes Claros-MG, Goiânia-GO, Feira de Santana-BA, Viana-ES e Rialma-GO, além de unidades de armazenagem em São Gotardo-MG e Cambé-PR.
Na década de 2000, a marca Vilma foi revitalizada, e seus principais produtos, como massas, misturas para bolos e farinhas, foram renovados. E outros produtos foram lançados, como misturas para refrescos, temperos, mistura para bolos, pães, salgados e pizzas.
Tragédia e recomeço
No mesmo período, a Vilma Alimentos expandiu seu pátio fabril e construiu o Centro Técnico para Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos. A empresa também adquiriu a renomada marca Pirata, tradicional na fabricação de molhos e temperos em Minas Gerais.
O grupo investiu ainda em silagem e política de relacionamento com os produtores rurais para a originação do trigo.
No ano de 2012, Domingos Costa Neto, então com 58 anos, morreu em um acidente aéreo, que vitimou também seu filho Gabriel Barreira Costa, de 14 anos, além de outros dois executivos da empresa.
Com isso, a quarta geração acabou assumindo a empresa, com a chegada dos irmãos Patricia, Paschoal e Thiago Costa, filhos de Domingos Costa Neto, sendo Patricia Costa nomeada presidente da empresa.
Vilma Alimentos na vanguarda
A chegada dos irmãos atendeu ao desejo da bisavó Josephina, que em 1978 havia escrito uma carta cheia de amor ao filho Paschoal e a toda a família, demonstrando o desejo de ver a quarta geração e os frutos de seu trabalho.
Em outubro de 2012, a Vilma Alimentos inaugurou sua primeira Loja Conceito, loja modelo em seu segmento no mercado brasileiro, reforçando lugar de destaque no mercado como empresa inovadora.
Em 2017, a empresa ampliou sua atuação no mercado alimentício e ingressou no setor de biscoitos, ao adquirir a empresa Krokero – Indústria e Comércio José de Paula – localizada em Juiz de Fora, Minas Gerais.
A Vilma Alimentos também tem massas com as marcas Yara e com a marca Giuseppina, em homenagem ao nome original da matriarca fundadora da empresa.
Herança da persistência
Ao todo, a empresa tem mais de 1.000 produtos e atende a 20 mil pontos de venda no país. Suas vendas se concentram em Minas Gerais e no Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro, onde mantém filiais de distribuição. Seus produtos chegam, em menor escala, a São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e até no Amazonas, entre outros estados, com a marca Vilma ou sob outras marcas.
Em 2019, a Domingos Costa Indústrias Alimentícias S.A., nome de registro da Vilma Alimentos, faturou R$ 907,177 milhões, ou seja, alta nominal (sem descontar inflação) de 8,79% acima de 2018. O lucro líquido, de R$ 126,2 milhões, foi 81% maior do que o registrado no ano anterior.
Resultado do trabalho daquele casal de italianos e de seus filhos, iniciado em um barracão alugado no limiar da cidade, em uma capital que estava nascendo no país que acabava de recebê-los, onde tudo era novidade e desafio. Mas o horizonte se ampliou e as conquistas vieram, a partir do grande espírito de luta dessa família de imigrantes italianos.