As regras para o novo visto de trabalho voltado a descendentes de italianos serão anunciadas em fevereiro. A informação foi confirmada pelo vice-primeiro-ministro e chanceler Antonio Tajani, em entrevista ao repórter Diego Mezzogiorno, do canal Times Brasil CNBC, nesta quarta-feira (17), durante a Conferência Nacional de Exportação e Internacionalização das Empresas, em Milão.
O evento é promovido pelo governo italiano e discute estratégias de apoio à exportação e à internacionalização de empresas. Participam representantes de entidades financeiras, comerciais e todos os embaixadores da Itália.
Decreto Tajani e países incluídos
O visto faz parte da implementação do Decreto Tajani, aprovado em março e convertido em lei em maio de 2025. A norma prevê a entrada facilitada de descendentes de italianos residentes em países com forte presença de emigrantes, fora das cotas migratórias regulares.
Foram considerados os dados do AIRE (registro oficial de italianos no exterior) até 31 de dezembro de 2024. Sete países foram incluídos:
- Argentina: 989.901 inscritos
- Brasil: 682.300
- Estados Unidos: 241.056
- Austrália: 166.848
- Canadá: 148.251
- Venezuela: 116.396
- Uruguai: 115.658
Vagas sem limite para ítalo-brasileiros
Se o Brasil continuasse sujeito às cotas, haveria poucas autorizações para trabalho autônomo em quatro anos. Com a nova regra, ítalo-brasileiros poderão obter permissões ilimitadas para empregos subordinados.
A medida permite que descendentes de italianos com cidadania de um dos países listados solicitem residência para trabalho subordinado, fora dos limites do sistema de cotas.
Após dois anos de residência legal, esses trabalhadores poderão pedir a cidadania italiana por naturalização facilitada.
Críticas da comunidade italiana no exterior
A possibilidade de naturalização após dois anos é vista por parte da comunidade italiana no exterior como uma concessão limitada. Representantes criticam a medida como uma “migalha”, diante das recentes restrições impostas ao reconhecimento da cidadania por descendência, que agora se aplica apenas a filhos e netos de italianos.
A Corte Constitucional da Itália marcou para 11 de março de 2026, às 9h30, o julgamento que vai definir o futuro do Decreto-Lei 36/2025.
Recupero delle radici italiane
A política se insere no conceito de recupero delle radici italiane, que incentiva o retorno às origens por parte dos descendentes. Esse princípio foi incluído no artigo 1-bis do decreto-lei 36 de 2025, durante a tramitação no Senado.
Outro objetivo da norma é reduzir a sobrecarga do Judiciário italiano, que lida com milhares de processos sobre o reconhecimento da cidadania italiana iure sanguinis.
O decreto foi assinado por Antonio Tajani, ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, e pelos ministros do Interior e do Trabalho.


































































