Em Prato, cidade da região da Toscana, vivem 27.829 cidadãos chineses. A cidade com pouco mais de 194 mil habitantes é tema na Comissão Parlamentar de acompanhamento da implementação do acordo de Schengen.
Na terça-feira (8), para fornecer os dados à comissão, a prefeita de Prato, Adriana Nicolina Rosaria Cogode, não se concentrou apenas nos números da presença de estrangeiros na cidade e na província.
Segundo ela, 15 mil chineses presentes na cidade vivem como fantasmas. “Nada sabemos, nem onde trabalham, nem em que condições vivem”, diz a prefeita.
Um número muitas vezes passado às escondidas na cidade, mas que significa a presença de 8% de Prato que vivem em condições marginais, sem qualquer tipo de assistência e que obviamente correm o risco de acabar em mãos de organizações criminosas. “São pessoas que chegam regularmente com visto de turista à Itália, mas que depois de expirado o documento, não saem do território, mas são absorvidos por um sistema, fazendo-os trabalhar em condições irregulares ou de exploração, ou acabando por se dedicar a atividades ilegais”, explica Cogode.
Outro fato que surpreendeu os comissários parlamentares foi o dos pedidos de nacionalidade italiana feitos pelos chineses. Em 2021 apenas um imigrante fez a solicitação. Um sinal claro da falta de vontade em adquirir a cidadania italiana, talvez porque o governo chinês proíbe a dupla cidadania.
Desta forma, Pequim consegue controlar os seus cidadãos no exterior e manter uma ligação entre as Chinatowns de toda a Europa. A ilegalidade que caracteriza os chineses não é delinquente, mas econômica, quase parasitária.
Ilegalidade reflete na criminalidade
Segundo dados apresentados na comissão parlamentar, em 2021 foram intimadas 2.949 pessoas, das quais 59% eram estrangeiras.
Dos 403 presos, 277 eram estrangeiros, ou 68%. A incidência de furtos cometidos por cidadãos de países terceiros em 2021 foi de 50%, dois terços dos roubos foram atribuídos a cidadãos de países extracomunitários, e 84 dos 97 crimes relacionados com drogas foram cometidos por cidadãos de países terceiros.
Só para dar um exemplo, Cogode lembrou que dos 173 roubos relatados em Prato em 2021, 88 foram cometidos por cidadãos de fora da União Europeia.
“A situação, embora não seja de emergência, exige a necessidade de manter um elevado nível de atenção e prevenção na área. Não podemos permitir que se aninham fenômenos de ilegalidade, que poderão aumentar com o regresso à normalidade pós-Covid. Em termos de percepção de segurança, as expectativas do povo de Prato continuam muito altas. Aqui há um alto senso de dever cívico e é um dever responder às demandas da cidadania”, explicou a prefeita, em audição no Ministério do Interno.
Imigrantes
Muitos operários chineses entram na Itália com visto de turista. Quando são detidos sem documentos, não podem ser repatriados, porque a China se recusa a recebê-los sem uma identificação oficial. Com um papel de expulsão no bolso, os clandestinos ficam livres e mergulham de novo no mercado informal.
No início dos anos 80, começaram a desembarcar os primeiros chineses na vizinha Florença. Um pioneiro núcleo de 38 imigrantes fixou residência em Prato, em 1989.
Na década seguinte, a população de etnia chinesa cresceria exponencialmente, primeiro ocupando um espaço abandonado pelos italianos na base da cadeia de produção, depois, como empresários.