Latinos são muito “apegados” no que se relaciona a término.
Essa é a opinião do psicólogo italiano Walter Riso, estudioso sobre o tema do amor, com 30 anos de experiência e cerca de 25 livros publicados sobre o assunto, que explicou sua teoria à agência ANSA.
“Os latino-americanos são mais emocionais, passionais, consumem novelas, têm ideias de amor muito mais idealizadas. Na América Latina, em relação ao amor, ainda estamos na modernidade, não estamos na pós-modernidade, o que significa um amor mais livre, mais recíproco, mais autônomo, com menos apego e mais independente”, afirmou Riso.
O especialista, que mora em Barcelona, na Espanha, e conhece a fundo a América Latina, acaba de lançar um novo livro com o amor e o desapego como o centro da discussão. “Ya te Dije Adiós, Ahora Cómo te Olvido” (“Já te Disse Adeus, Agora Como eu te Esqueço”) é o título da mais recente obra do psicólogo napolitano que, em seu editorial, descreve como “um ‘vade-mécum’ para superar o fim do amor e das perdas afetivas”.
Baseado em sua vasta experiência, Riso conclui em seu livro que o rompimento em uma relação amorosa não obriga a se esquecer do outro, mas sim relembrá-lo com afeto, mas “sem ter o sentimento associado”.
“É preciso separar o combate físico do psicológico ou emocional.
No primeiro há várias etapas, mas o básico e a diferença mais clara [entre os dois] é que no combate físico não se tem a esperança de voltar com pessoa. Já no afetivo, a pessoa ainda ‘está viva’ e aparece uma variável: a esperança, que nem sempre é boa”, explicou o acadêmico.
Riso também afirmou que existem ao menos sete etapas entre o momento do fim de um relacionamento ou de uma separação sentimental e a superação do combate. “Encontramos sete etapas: atordoamento e negação, anseio e esperança, perguntas sem resposta, ira e indignação, culpa, desesperança e depressão e recuperação e aceitação”, descreveu o especialista italiano, que lembrou que os problemas surgem quando alguém fica preso em um desses momentos e que a ajuda profissional é necessária.
O autor também disse que os esteriótipos que ainda são cultivados na América Latina sobre os homens e as mulheres em um nível sentimental são elementos que geram tensão e contribuem para a manutenção de anacronismos.
“Aqui, se uma mulher que não se casa [até] os 28 anos é considerada solteirona, enquanto em outros lugares do mundo, estar solteira não se associa com a ideia de ter má sorte, mas sim com uma opção. E um homem solteiro da América Latina aos 40 anos é considerado [algo] estranho”, disse Riso.