Renato De Matteo Reginatto, 37 anos, é dono de uma consultoria de investimentos que prestava serviços para os institutos de previdência
A Itália prendeu nesta terça-feira (12) um brasileiro foragido desde abril do ano passado, acusado de comandar um esquema de desvio de recursos de fundos de pensão municipais.
Segundo a Polícia Federal, Renato De Matteo Reginatto, 37 anos, é dono de uma consultoria de investimentos que prestava serviços para os institutos de previdência. De acordo com a investigação, a fraude alcançou mais de R$ 1,3 bilhão.
A PF toma agora providências para que a Justiça no Brasil solicite a extradição do ex-foragido.
Ele foi encontrado em Roma, capital italiana, quando desembarcava de um voo oriundo dos Estados Unidos.
Matteo tentava entrar em território italiano quando foi reconhecido e detido – seu nome constava na lista da Interpol.
Desde que a PF identificou que o paradeiro do brasileiro, o órgão passou a trocar informações com a agência de imigração dos Estados Unidos e também com autoridades italiana.
Reportagem da Folha de S.Paulo de julho do ano passado mostrou que, enquanto estava foragido, Matteo fez aquisições nos Estados Unidos.
Desde dezembro de 2017, ele conseguiu comprar um apartamento em Nova York por US$ 6,5 milhões (R$ 25,5 milhões); uma casa em Miami, por outros US$ 3,5 milhões (R$ 13,7 milhões) e também arrematou um barco, de 64 pés, pagando US$ 1,1 milhão (R$ 4,2 milhões).
Matteo possui ainda dois imóveis em Boston que, juntos, somam US$ 2,3 milhões (R$ 9,2 milhões). Os dados fazem parte de uma investigação particular à qual a Folha de S.Paulo teve acesso.
Segundo essas informações, as únicas transferências de dólares informadas por Matteo à Receita Federal no Brasil até 2017 são de US$ 2,5 milhões (R$ 9,8 milhões), enquanto os investimentos identificados alcançam US$ 13,6 milhões (R$ 53,4 milhões).
O dinheiro usado por Matteo vem de offshores (contas mantidas fora do país), identificadas no relatório da PF referente à Operação Encilhamento.
Morador de Rio Claro, no interior de Sao Paulo, Matteo foi candidato em 2014 ao cargo de deputado federal, pelo PSP, e obteve cerca de 40 mil votos, mas não foi o suficiente para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Todos os documentos aos quais a Folha de S.Paulo teve acesso foram obtidos pelo advogado Eli Cohen, que afirma ter sido lesado por Matteo em um investimento realizado há quatro anos. Desde então, Cohen busca, sem sucesso, um ressarcimento para as perdas, cujo valor não revela.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do acusado.
Com agências Folha e Estado