A discussão sobre uma eventual mudança nas regras da cidadania italiana ganhou um reforço de peso. O governador da região do Vêneto, Luca Zaia, entrou no debate sobre o reconhecimento da cidadania italiana para descendentes.
O Vêneto, que é a principal região de origem da grande imigração italiana para o Brasil, tem sido foco de muitas solicitações de cidadania pelo direito de sangue, ou ius sanguinis.
Em declarações polêmicas, divulgadas pela agência de notícias Vista, nesta sexta-feira (20), ele questionou a facilidade com que a cidadania é “concedida” para os chamados “oriundi”, que buscam o reconhecimento da nacionalidade italiana pelo direito de sangue, ou ius sanguinis.
“Se os descendentes de italianos estão interessados apenas em aproveitar o ius sanguinis para garantir o nosso passaporte e a nossa cidadania, que não é qualquer cidadania, eu não concordo em concedê-la tão facilmente”, afirmou Zaia, ressaltando que ele mesmo tem raízes fora da Itália. “E quem diz isso é alguém cujo avô nasceu no Brasil.”
O governador destacou o impacto que esses pedidos têm nos registros de cidadania (anagrafes), sobrecarregados com o volume de solicitações, especialmente em cidades menores do Vêneto.
Zaia não se opôs completamente ao direito dos descendentes de obterem a cidadania, mas reforçou ser preciso haver um maior comprometimento com a cultura e a vida no país. “Se alguém escolhe realmente ser um cidadão italiano — aprendendo nossa língua, conhecendo nosso país e talvez até tendo a intenção de morar aqui —, então, nesse caso, e com esses requisitos mínimos, eu não teria nada contra”, esclareceu o governador.
Zaia se une ao vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, que também criticou o uso da cidadania italiana por brasileiros, alegando que “eles só querem a cidadania italiana para ter um passaporte forte”.
A discussão sobre restringir ou modificar as regras para a concessão de cidadania italiana é um tema delicado e divide a política italiana.
Para figuras como Zaia e Tajani, é necessário um controle mais rigoroso sobre quem pode obter a cidadania, enquanto outros, como o vice-premiê Matteo Salvini, enxergam o ius sanguinis como uma maneira de fortalecer os laços entre a Itália e seus descendentes ao redor do mundo.
Veja a declaração polêmica de Luca Zaia: