Longo, que tem dupla cidadania, afirma que, se eleito no Brasil, renunciará ao cargo na Itália.
A Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo questionou, nesta segunda-feira (20), a candidatura de Fausto Longo, que tenta se eleger como deputado federal pelo MDB apesar de ser senador no Parlamento italiano há cinco anos.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que não há proibições na lei para este tipo caso.
“A nossa tese não se trata de ocupação efetiva de cargo. Ele optou, ao se candidatar lá, por ser representante do povo italiano. Há um conflito de interesses em ser agora representante do povo brasileiro”, diz Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, procurador regional eleitoral que assina a impugnação.
“Como não há uma vedação expressa, essa é uma leitura, uma interpretação que a gente fez da Constituição e estamos apresentando ao Judiciário. Ao nosso ver, ele não pode se candidatar”, completa Gonçalves.
Aos 66 anos, o emedebista natural de Amparo (SP) é filiado ao partido do presidente da República, Michel Temer, desde os 18 anos. Longo é formado em arquitetura e urbanismo, tem passagens pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado d São Paulo) e atuou como secretário de Turismo em Piracicaba (SP) de 1977 a 1982.
Em 2013, Longo foi eleito senador no país europeu pela “Alleanza Italia Bene Comune”, formada pelos partidos PD (Partido Democrático), PSI (Partido Socialista Italiano) e SEL (Sinistra, Ecologia e Libertá), tendo sido reeleito em março de 2018.
“Não estou abandonando o meu propósito maior, que é o de defender os interesses da população brasileira, seja ela ítalo-descendente ou não, e lutar pela dignidade humana”, diz Longo.
Para Longo, sua passagem no Parlamento italiano lhe trouxe mais possibilidades de auxiliar a população de seu país de origem.
“Não estou desistindo ou desprezando o posto tão honroso alcançado, mas neste momento, eu gostaria de emprestar os conhecimentos que a Itália me concedeu”, afirma.
Em entrevista à Gazeta de Piracicaba em fevereiro, Longo, que gosta de se apresentar como “ítalo-caipira”, afirmou que apresentou no Parlamento italiano 1.580 emendas, tendo 600 aprovadas, além de elaborar e apresentar 15 projetos de lei.
Longo também afirma que articulou alianças entre instituições italianas e brasileiras para o desenvolvimento mútuo das regiões.
Por Folha de São Paulo