Mais de 300 artefatos da Primeira Guerra Mundial foram encontrados em uma caverna na Itália depois que uma geleira derreteu e revelou o acesso ao local, que teria servido como abrigo de soldados.
As descobertas foram feitas em 2017, mas divulgadas apenas esta semana pelo Museu da Guerra Branca, e devem ser exibidas na cidade italiana de Bormio a partir do final de 2022.
Segundo as informações locais, o abrigo foi ocupado pelas tropas austríacas durante a guerra, servindo para que os soldados se escondessem do lado italiano.
Graças às características do local, eles não podiam enxergar os soldados austríacos em solo e nem por observação aérea.
Em entrevista à CNN, o historiador Stefano Morosini contou que a caverna abrigou 20 soldados austríacos, que estavam servindo no Monte Scorluzzo, na comuna de Sondrio. Ele afirmou que os objetos faziam parte do “cotidiano muito pobre” dos combatentes, que lidaram com “condições ambientais extremas”.
As temperaturas no inverno italiano na região podem chegar a -40°C. Por isso, a caverna era um refúgio que os protegia do frio, servindo também para guardar alimentos e vestimentas fabricadas a partir de peles de animais.
Durante o trabalho de pesquisa, que tem sido realizado desde a descoberta em 2017, foram encontrados garrafas, colchões de palha, moedas, capacetes, munições e jornais. O local foi trancado às pressas quando a guerra terminou em novembro de 1918, com os soldados deixando a maioria de seus pertences para trás.
“Os soldados tiveram que lutar contra o ambiente extremo, lutar contra a neve e as avalanches, mas também lutar contra o inimigo”, disse Morosini, que é professor da Universidade de Bergamo, na Itália.
Acredita-se que vários dos combatentes morreram não apenas por conta de ferimentos de guerra, mas também de hipotermia. Há cinco anos, foram encontrados na área do abrigo os corpos de dois homens, que ainda tinham documentos, o que permitiu que os restos mortais fossem entregues a parentes vivos dos combatentes.
A cada verão, outros artefatos ainda surgem na caverna no Monte Scorluzzo, conforme a geleira derrete mais e mais.
“O conhecimento que podemos reunir hoje das relíquias é uma consequência positiva do fato negativo da mudança climática”, explicou Morosini ao jornal britânico The Guardian.