Morreu nesta segunda-feira (08/05), aos 75 anos, Rita Lee, conhecida como a rainha do rock brasileiro, devido à sua importância na construção do gênero musical no país. Ela era neta de imigrantes italianos por parte de mãe.
O comunicado foi feito pela família nesta terça-feira (09/05), por meio de uma nota nas redes sociais da cantora e compositora: “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem (segunda), cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”.
A artista foi diagnosticada com câncer de pulmão em maio de 2021.
O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10/05), das 10 às 17 horas.
Sangue italiano
Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em 31 de dezembro de 1947 em São Paulo (SP). Era a mais nova das três filhas do dentista Charles Fenley Jones, paulista descendente de norte-americanos estabelecidos em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, e de Romilda Padula, também paulista e filha de imigrantes italianos que vieram da região de Molise, no centro-sul da Itália.
Seus avós maternos, Domenico Padula e Clorinda Inforzato se casaram em Rio Claro, no interior de São Paulo. Os dois eram molisanos, ele de Civitanova del Sannio e ela de Chiauci. Também foi em Rio Claro que nasceu a mãe de Rita, Romilda Padula.
O “Lee” incluído no nome das filhas foi uma homenagem do pai ao general Robert E. Lee, do exército confederado americano.
Paixão pela música
Rita Lee cresceu no bairro da Vila Mariana, onde teve aulas de piano e cedo foi influenciada pelo rock de Elvis Presley, Beatles e Rolling Stones, mas também pela música brasileira que os pais escutavam em casa, com clássicos da MPB como Cauby Peixoto, Angela Maria, Maysa e João Gilberto.
Começou a compor as primeiras canções na adolescência e a integrar bandas com amigos.
Em 1963, Rita Lee formou com outras duas cantoras as Teenage Singers, que faziam pequenos shows em festas colegiais. Com Os Seis, outra banda que integrou, gravou o primeiro compacto, com duas músicas. A saída de três componentes do sexteto acabou deixando o trio formado por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que passou a se chamar Os Bruxos. Por sugestão de Ronnie Von, o grupo mudou o nome para Os Mutantes.
Os Mutantes
Com os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista, Rita gravou alguns dos álbuns fundamentais do rock brasileiro, compondo e estrelando performances memoráveis, como em 1967, quando o grupo acompanhou Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira, na Record, com a apresentação de Domingo no Parque.
Rita foi casada com o colega Arnaldo Baptista entre 1968 e 1972, mas o casamento terminou por divergências sobre os rumos da banda, que provocaram a saída da cantora do grupo.
Tutti Frutti
Na década de 1970, Rita Lee formou a banda Tutti Frutti e gravou vários discos de sucesso, como Fruto Proibido, de 1975, que consagraria a cantora com o título de rainha do rock brasileiro, com faixas como Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow e Ovelha Negra.
Com a entrada do guitarrista Roberto de Carvalho na banda, Rita Lee iniciou a parceria musical e amorosa que duraria a vida inteira. Rita e Roberto tiveram três filhos: Beto Lee, em 1977, João, em 1979 e Antônio, em 1981.
Na área musical, a parceria rendeu diversos sucessos, como Mania de Você, Chega Mais e Doce Vampiro. A dupla emplacou turnês, temas de novelas e grandes shows, como o primeiro Rock in Rio, em 1985, e a abertura do primeiro show dos Rolling Stones no Brasil, dez anos depois.
Rita Lee na televisão
O humor ácido de Rita a fez cair nas graças da televisão. A cantora participou de novelas da Globo, como Top Model, Vamp, Celebridade e Ti Ti Ti, quase sempre interpretando a si mesma. Também comandou programas como o TVLeeZão, na MTV e, ao lado de Roberto, o talk show Madame Lee, no canal pago GNT.
Entre 2002 e 2004, integrou o time de apresentadoras do Saia Justa, programa de debates do GNT, ao lado de Mônica Waldvogel, Marisa Orth e Fernanda Young.
Despedida dos palcos
A cantora se aposentou dos palcos em 2012, devido à sua fragilidade física: “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, explicou no Twitter.
Sua última apresentação, no Festival de Verão de Sergipe, terminou em polêmica, após Rita se revoltar com uma ação policial que considerou agressiva com o público. Acusada de desacato à autoridade, foi encaminhada a uma delegacia após o show para prestar depoimento.
Rita passou os últimos anos reclusa em um sítio na Grande São Paulo com o marido, Roberto. Em meio à pandemia de covid-19, em 2020, contou sobre a vida isolada em um texto para a revista Veja.
“Não vou morrer desse vírus vodu e peço ao Universo que minha morte seja rápida e indolor, de preferência dormindo e sonhando que estou com minha família numa praia do Caribe”, escreveu.