O Italianismo abre a série “Herança Italiana – Personalidades” contando a trajetória da jornalista Ilze Scamparini, neta de imigrantes italianos que já faz parte da história do país em seu campo de atuação.
Casada com Domenico Saverni Mezzatesta e residente em Roma há mais de duas décadas, Ilze tem 63 anos e nasceu em Araras-SP, no dia 26 de dezembro de 1958.
Genealogia de Ilze Scamparini
Ela é filha de Irineu Scamparini e Paulina Storolli, ambos filhos de imigrantes italianos. Irineu era um dos cinco filhos de Mário Scomparin, nascido na cidade de Fossata di Piave, em Veneza, no Vêneto, e Dusolina Roncolato, brasileira de Tambaú-SP. Eles se casaram em Santa Cruz das Palmeiras-SP, em 1917.
A mãe de Ilze Scamparini, Paulina, era uma das irmãs entre os 11 filhos de Júlio Storolli e Fortunata Campagna, ele filho de Ermogene Storolli, nascido na Lombardia, e da também italiana Rosa Boni.
Por sua vez, a mãe de Paulina, avó de Ilze, Fortunata Campagna, nasceu em Araras, mas era filha dos imigrantes Luigi Campagna, nascido no Vêneto, e Augusta Buriola, nascida em Udine, na região da Friuli Venezia Giulia.
Início de carreira
Ilze formou-se em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP) em 1982. No início da carreira, foi estagiária no jornal O Diário do Povo, de Campinas-SP e colaborou com os “folhetos da Oboré”, empresa de comunicação criada em 1978 como cooperativa de jornalistas e artistas para colaborar com movimentos sociais e trabalhadores urbanos.
Naquela época, ela transcrevia entrevistas dos trabalhadores do ABC paulista, no período em que surgiram Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT).
Em 1981, ela entrou para a televisão, para trabalhar no programa TV Mulher, então dirigido por Nilton Travesso e Rose Nogueira e apresentado por Marília Gabriela.
No ano seguinte, tornou-se repórter da TV Campinas, afiliada da TV Globo, onde cobriu a longa greve dos petroleiros de Paulínia, liderados por Jacó Bittar, e documentou as reuniões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pós-Anistia.
O início na TV Globo
Em 1984, Ilze mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou na TV Globo daquela praça. Gravou reportagens para Jornal Nacional, Jornal Hoje e Jornal da Globo.
Depois disso, foi para a TV Globo Brasília, em 1985, onde participou da cobertura da morte do presidente eleito Tancredo Neves e da promulgação da nova Constituição brasileira, entre outras grandes reportagens.
Atendendo a convite de Alice Maria, que na época era diretora executiva do telejornalismo da emissora, Ilze Scamparini entrou em 1986 para a equipe de repórteres exclusivos do programa Globo Repórter, função que exerceu até 1996.
Ilze Scamparini sai do Brasil
No ano seguinte, ela se mudou para a cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, onde passou a atuar como correspondente internacional. Em seu novo posto, cobriu duas entregas do Oscar e o suicídio em massa da seita religiosa Heaven’s Gate.
Em 1999, a jornalista se transferiu para Roma, na Itália, de onde envia matérias sobre política, cultura e comportamento, além de cobrir o dia a dia do Vaticano.
Na missão de contar o cotidiano dos chefes da igreja católica, Ilze Scamparini já viajou com os papas João Paulo II, Bento XVI e com o Papa Francisco para países como Ucrânia, Polônia, Alemanha, Turquia e Angola, além de acompanhar visitas ao Brasil.
Coberturas históricas
A jornalista tem em seu currículo dezenas de coberturas internacionais marcantes, como o velório do líder palestino Yasser Arafat no Cairo, em 2004; os desdobramentos do ataque terrorista que vitimou centenas de crianças em uma escola em Beslam, na Rússia, também em 2004; e as cerimônias dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, na Alemanha, em 2009.
Ela foi a primeira repórter da emissora a transmitir imagens do exterior via internet. Seu trabalho como correspondente em Roma serviu como o modelo adotado pela TV Globo em Jerusalém, Paris, Lisboa, Berlim e Buenos Aires.
Além de sua língua nativa, Ilze Scamparini fala fluentemente italiano, espanhol e inglês.
Curiosidades sobre Ilze Scamparini
Uma curiosidade de sua carreira é que na renúncia do Papa Bento XVI, em 2013, Ilze estava no Brasil aproveitando suas férias. Por isso, a notícia foi transmitida no Jornal Nacional por Marcos Losekan, correspondente em Londres, que se deslocou até Roma para a missão.
Outra passagem marcante foi a pergunta que Ilze Scamparini fez ao Papa Francisco no voo entre Brasil e Roma, em entrevista coletiva após ele visitar o país, também em 2013.
Foi respondendo à repórter sobre o delicado tema do “lobby gay” no Vaticano que o papa deu uma declaração que quebraria paradigmas da igreja católica e garantiria manchetes em todo o mundo: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”
Os telhados de Roma
Uma marca de suas entradas ao vivo nos telejornais da Globo são os telhados de Roma que aparecem atrás dela. Em uma entrevista, ela explicou que encontrou um terraço maravilhoso para gravar suas matérias e a paisagem acabou se tornando um diferencial, já que no Vaticano as gravações não são permitidas.
No início de julho, Ilze esteve na Bienal do Livro de São Paulo, onde lançou seu primeiro romance, “Atire Direto no Meu Coração”, e participou da mesa redonda “Ser Jornalista no Brasil”, com Daniela Arbex e Miriam Leitão.
Por Roberto Schiavon / Italianismo