“O BCE está pronto para fazer o que for preciso para preservar o euro e, acreditem em mim, isso será o bastante.” Essa frase, dita em 26 de julho de 2012, é o maior símbolo da gestão de Mario Draghi, novo primeiro-ministro encarregado da Itália, à frente do Banco Central Europeu.
Há oito anos e meio, o italiano enfrentava a crescente desconfiança de investidores em relação ao futuro do maior projeto de integração monetária do planeta. Com Estados endividados empurrando o euro para o abismo, Draghi resolveu deixar claro que não mediria recursos para evitar o colapso da moeda. E evitou.
Com uma ação decidida, o italiano deixou o BCE em outubro de 2019 como o grande responsável pela salvação do euro e agora assume uma das missões mais delicadas de sua trajetória: formar um novo governo para socorrer a Itália de uma crise política em plena pandemia de Covid-19.
Ele recebeu nesta quarta-feira (3) a missão de formar um novo governo na Itália e pediu “unidade” para que o país consiga enfrentar um “momento difícil”.
Draghi, que “se reservou o direito de aceitar”, anunciou que iniciará consultas com todos os partidos para examinar se pode contar com uma maioria estável no Parlamento para substituir o governo liderado pelo atual primeiro-ministro Giuseppe Conte.
“Este é um momento difícil. O presidente (Sergio Mattarella) recordou a dramática crise de saúde, com os graves efeitos para a vida das pessoas, a economia e a sociedade”, declarou à imprensa, depois de receber oficialmente o pedido para formar o governo.
“Confio na unidade dos partidos políticos e grupos parlamentares”, completou.
Draghi, de 73 anos, com ampla experiência na gestão da política econômica italiana e europeia, não terá o caminho fácil. (Com informações da Ansa)