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Decreto pode virar erro político: italianos no exterior devem reagir nas urnas

O que temiam pode acontecer: ítalo-descendentes podem votar contra Meloni, Tajani e Salvini.

Tajani, Meloni e Salvini durante coletiva no Palazzo Chigi: o trio pode ficar manchado como os inimigos dos descendentes de italianos da diáspora | Foto: Fabio Frustaci/Ansa
Tajani, Meloni e Salvini: o trio pode ficar manchado como os inimigos dos descendentes de italianos da diáspora | Foto: Fabio Frustaci/Ansa

O que eles mais temiam pode acontecer. Após a aprovação do decreto que limita o reconhecimento da cidadania italiana apenas a filhos e netos, o governo liderado por Giorgia Meloni, Antonio Tajani e Matteo Salvini arrisca enfrentar uma reação política em escala global.

A medida, aprovada na sexta-feira, 28 de março, foi recebida como um gesto de exclusão por milhões de descendentes de italianos que vivem fora da Itália.

Ao restringir o direito à cidadania, o governo passou o recado de que os ítalo-descendentes — em especial seus filhos e netos — não são mais bem-vindos como parte da nação italiana.

São milhões de pessoas – com direito de voto – que mantêm laços com a Itália por sangue, cultura e história. Muitas delas atuam diretamente na promoção da imagem italiana no exterior, impulsionando marcas, turismo, gastronomia e o Made in Italy. Agora, essa mesma rede pode se voltar contra o trio no poder, ou nas eleições futuras.

A reação pode vir onde mais dói: nas urnas. Desde 2006, os italianos no exterior têm direito ao voto. E, nas últimas eleições, partidos de direita como os de Meloni, Tajani e Salvini contaram com apoio relevante dessa base. Com o novo decreto, esse apoio pode virar rejeição.

Mais que um reflexo do momento, a tensão revela um temor antigo. Setores da política italiana sempre desconfiaram da força eleitoral da diáspora. Havia o receio de que os votos vindos da América do Sul, Europa e outras regiões pudessem interferir diretamente nos rumos da política interna italiana.

Agora, esse temor pode ganhar contornos reais. “Eles podem conhecer a força dos italianos no exterior de uma outra forma: a fúria”, resume o empresário Pedro Baldan. “O que antes era orgulho, agora pode ser revolta. E já podemos mostrar a nossa força no referendo”, dispara.

Nos dias 8 e 9, a Itália realizará um referendo que pode reduzir de dez para cinco anos o tempo exigido para que imigrantes solicitem a cidadania por residência.

A mensagem enviada pelo governo italiano — conforme anunciada no decreto — é que descendentes distantes, ainda que com laços documentados, representam um risco para a segurança e a identidade nacional. Isso provocou indignação entre lideranças comunitárias e políticos da própria base aliada.

Deputados da Liga, como Dimitri Coin e Graziano Pizzimenti, criticaram publicamente a decisão. Coin chamou de “incrível” a escolha de fechar as portas para descendentes de regiões como Vêneto e Piemonte, enquanto se discute conceder cidadania automática a jovens imigrantes nascidos na Itália.

Com isso, o que era para ser uma medida técnica se transforma num possível erro estratégico. Meloni, Tajani e Salvini correm o risco de se tornarem os rostos de uma exclusão histórica — e de pagarem por isso nas próximas eleições.

O governo já demonstra sinais de desgaste. Setores da base pedem alterações no texto quando o decreto for ao Parlamento. Mesmo assim, o dano simbólico está feito.

Na Itália, onde símbolos e raízes têm peso político real, virar as costas para milhões de descendentes pode custar caro. E esse preço, segundo líderes da diáspora, será cobrado voto a voto.

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