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Conheça Magenta, a cidade no norte da Itália que virou cor

Município deu nome ao tom rosa intenso após batalha sangrenta no século 19

magenta
Estação de trem de Magenta. Foto: Mariana Veiga / Folhapress

A pouco mais de 30 quilômetros de Milão, Magenta é uma típica cidade da Lombardia, no norte da Itália.

Tem 23 mil habitantes, prédios baixos, uma linha de trem conectada à malha ferroviária italiana, uma igreja que evoca uma santa local —Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962), canonizada em 2004.

Pelas ruas do centro, placas recordam a Batalha de Magenta, quando, em 4 de junho de 1859, tropas francesas e sardo-piemontesas derrotaram ali o exército austríaco — episódio que ficou conhecido como segunda guerra da independência italiana.

Nada parece lembrar que magenta é um tom vivo de rosa. Uma das cores básicas do sistema CMYK (sigla em inglês de ciano, magenta, amarelo e preto), que norteia as artes gráficas contemporâneas.

“Usar a cor como instrumento de marketing para valorizar o município é algo que vem sendo estudado”, diz Luca Aloi, assessor da prefeitura.

Por enquanto, o rosa intenso aparece apenas nas margens do livreto municipal de divulgação turística. E em alguns cartazes de eventos públicos, como da Festa Dello Sport, ocorrida em 22 de setembro. O brasão municipal segue em amarelo e negro.

Duas versões buscam explicar o motivo de esse fúcsia ter sido batizado como magenta. A primeira diz que esse era o tom das vestes dos soldados que lutaram na Batalha de Magenta.

Nas fardas expostas no museu histórico de Magenta, o Museo della Battaglia (battagliadimagenta.it), a cor está muito mais para vermelho escarlate do que para rosa.

Interior do Museo della Battaglia, em Magenta. Foto: Divulgação / Casa Gicobbe

“Tem quem diga que o tom alude ao sangue derramado. Esta escadaria se tornou um mar de sangue. Era uma cor tão viva que, na lembrança das pessoas, ficou associada a essa tonalidade”, diz Aloi.

O casarão que sedia o museu foi palco de parte dos combates, como fica evidente pelas marcas de tiro na fachada.

Professor na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e autor do livro “A Cor Como Informação”, o jornalista Luciano Guimarães prefere a explicação associada ao sangue.

“Em dicionários consta que o tom foi nomeado em 1859 por Edward Chambers Nicholson após a Batalha de Magenta”, afirma ele, citando o químico e estudioso das cores que viveu entre 1827 e 1890.

A cor é cheia das curiosidades. Tecnicamente, trata-se de um tom definido como artificial. “Não há um comprimento de onda específico para ele: nosso espectro visível começa no violeta, passa pelo azul, verde, amarelo, laranja e termina no vermelho; assim, o magenta não se encaixa”, afirma o professor.

Entretanto, não dá para dizer que a cor não exista na natureza, segundo Guimarães. “Quando quero dar uma referencia natural para alguém, digo: corte e esfregue uma beterraba em uma folha branca de papel e você terá uma boa amostra de magenta.”

Se foi identificada e “criada” no século 19, consolidou-se no século seguinte. Em 1936, as empresas AGFA, belga, e Kodak, norte-americana, desenvolveram o filme fotográfico colorido —e adotaram as cores ciano, magenta e amarelo como base do processo.

Após a Segunda Guerra, o Deutsches Institut für Normung (instituição alemã responsável por padronizações) criou as definições dessas cores. “Magenta, em referência à batalha, e ciano por causa do termo grego para designar o fantástico azul do mar na Grécia”, diz Guimarães.

Desde então, o sistema CMYK é adotado por toda a indústria e artes gráficas. (Folha)

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