Morador exigiu que uma brasileira pedisse pizza em língua chamada friulano. Prefeito diz que é caso isolado
O caso da brasileira Regia Maraldo Ferreira Martins, de 47 anos, que foi agredida na pequena cidade de Mereto di Tomba, na região de Friuli Veneza Giulia, nordeste da Itália, porque não sabia falar a língua local provocou a fúria dos moradores da cidade e ganhou as páginas de dezenas de sites e jornais no Brasil e na Itália.
Segundo relato do jornal “Il Gazzettino”, a brasileira entrou em um restaurante da cidade e pediu duas pizzas para viagem, “em bom italiano”. Um caminhoneiro presente no local, no entanto, começou a gritar: “Aqui estamos no Friuli, você tem de falar friulano por lei”.
A brasileira, para evitar confusão, saiu do restaurante, mas o homem a seguiu até o lado de fora. Apesar dos esforços do filho da vítima para contê-lo, o caminhoneiro a empurrou e deu um soco em seu rosto. A mulher foi levada a um pronto-socorro com sangramento no nariz. O nome do agressor não foi divulgado.
Para o prefeito Massimo Moretuzzo, o que aconteceu em sua cidade é um episódio isolado, mas que deve ser condenável. “Sinto muito pelo ocorrido e me aproximo à mulher e a sua família. O que aconteceu não faz parte da cidade de Mereto, tomo distância do gesto e condeno a agressão. O protagonista do fato é uma pessoa que bebeu demais, no entanto irá responder pelo gesto realizado. É um episódio lamentável”, disse.
“Eu vivo em Trieste e eu conheço os friulanos, eles são boas pessoas, trabalhadores, respeitosos e pacíficos. O agressor estava bêbado ou é doente mental”, defendeu um morador.
O friulano é uma língua latina minoritária falada na zona histórico-geográfica de Friuli, que compõe a região (estado) de Friuli Veneza Giulia. Ela é comum nas províncias de Gorizia, Údine e Pordenone e em algumas cidades do Vêneto.
Mesmo que seja um caso isolado, trata-se de racismo, segundo a deputada Isabella De Monte, que é da região. “Estamos perante um ato grave e particularmente insuportável, seja porque cometido contra uma mulher, seja porque de matiz racista”, disse.
O caminhoneiro foi encaminhado para a polícia e liberado. O fato será investigado.
Atualizada às 10h10, de 12/01/19