“Deram um golpe na classe trabalhadora quando aumentaram a idade mínima para aposentadoria”, diz dirigente da Central Geral Italiana do Trabalho
“A primeira reforma previdenciária na Itália criou uma diferença de renda gigante entre quem recebia pelo modelo anterior e os jovens, que passaram a contar apenas com suas próprias contribuições previdenciárias. Hoje, muitos aposentados que recebem por esse sistema contributivo chegam a ter pensões abaixo do salário mínimo, o que é algo completamente indigno”. As palavras são da dirigente da Central Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Sandra Pareschi, que participou de um evento em Porto Alegre, na quinta-feira (31).
A sindicalista lembrou que “antigamente o trabalhador, que perdia seu emprego faltando cinco anos para se aposentar, recebia do nosso INPS os valores necessários para contribuir no período e dar entrada no pedido de aposentadoria”. Agora, segundo ela, “isso mudou com a primeira grande reforma previdenciária da Itália, em 1995, quando foi implantado um modelo contributivo, semelhante ao regime de capitalização existente em outros países”, como no Chile.
“Sem trabalho e sem aposentadoria”
“Na Itália nós tivemos uma reforma atrás da outra, quando o nosso INPS foi considerado deficitário pela direita. O nosso instituto nacional de Previdência abarca outras coisas, como o seguro desemprego, auxílio doença, enfim, uma série de benefícios sociais”, frisou.
Sandra contou que “deram um golpe na classe trabalhadora quando aumentaram a idade mínima para aposentadoria das mulheres, que subiu para 67 anos, assim como para os homens”. Antes, as mulheres se aposentavam com 60 anos e os homens com 65. Também subiram o tempo de contribuição, que era de 35 anos, para 41 anos.
“Os partidos que chegaram ao governo prometeram que iam retirar essa péssima reforma. Agora fizeram uma minirreforma, que se chama cota 100, que é a soma dos anos de contribuição com a idade da pessoa, mas tem que ter o mínimo de 38 anos de contribuição e a idade mínima de 62 anos”, salientou a sindicalista. Com isso, na prática, vários trabalhadores não se encaixam na cota 100, que será 102, 103 e assim por diante, dependendo do tempo de contribuição.
Segundo ela, é uma versão piorada da fórmula 85/95, sancionada pela presidenta deposta Dilma Rousseff, em 2015, que este ano passou para 86/96, porém sem tempo mínimo de idade nem de contribuição.
“Hoje, na Itália, quanto mais alguém vive, mais tem de trabalhar. Minha irmã mais nova fez os cálculos e terá de trabalhar até os 70 anos. Diga-me você: qual empresa dá um posto de trabalho para uma pessoa com mais de 70 anos? A probabilidade é de que ela fique sem as duas coisas: sem trabalho e sem aposentadoria”, finaliza a dirigente da maior central sindical da Itália, com mais de 5,5 milhões de filiados.