Construção da nova ponte de Gênova vira símbolo de recuperação na Itália
O último trecho da nova ponte de Gênova, construída em tempo recorde para substituir o viaduto que desabou em 2018 e matou 43 pessoas, foi colocado nesta terça-feira (28), enquanto a Itália enfrenta a pandemia de coronavírus.
Símbolo da capacidade de recuperação do país, a construção da nova ponte terminou em pleno confinamento pelo vírus, que matou quase 27 mil pessoas.
“Hoje cicatrizamos uma ferida. A Itália demonstra que sabe superar as tragédias”, disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte, que prestou homenagem aos mortos em Gênova.
“Não vamos esquecer. Esta tragédia não deve se repetir”, completou.
“Demonstramos que é possível fazer obras de qualidade em prazo recorde e com total segurança”, disse Pietro Salini, diretor da empresa Salini Impregilo, construtora responsável pela nova ponte em parceria com o grupo público naval italiano Fincantieri.
“Estamos colocando os últimos 40 metros. Todos somos conscientes do peso simbólico que representa este novo viaduto que fecha uma ferida de Gênova”, afirmou o influente jornal “Il Corriere della Sera”, no editorial.
O último trecho do viaduto, de aproximadamente 1 quilômetro de comprimento, que une a cidade, foi colocado nesta terça-feira.
Abertura prevista para fim de julho
A ponte ainda precisa ser pavimentada e serão instalados painéis solares. Também precisa passar por testes de resistência.
“Calculamos que, no fim de julho, os primeiros veículos devem atravessar a ponte”, disse Pietro Salini.
Em 14 de agosto de 2018, a ponte Morandi, um dos principais eixos para o comércio com a França, assim como para viagens turísticas, desabou e sepultou dezenas de veículos. Morreram 43 pessoas, incluindo quatro crianças.
Inaugurada em 1967, a ponte apresentou por muito tempo sérios problemas estruturais, que implicavam trabalhos de manutenção caros.
A tragédia evidenciou o péssimo estado de várias infraestruturas na Itália, deixou a cidade de luto e privou o país de uma via estratégica.
A nova ponte foi projetada pelo célebre arquiteto Renzo Piano, nascido em Gênova, autor do Centro Pompidou e do novo Palácio de Justiça de Paris, assim como da Torre The Shard, em Londres.
Piano criou uma estrutura de 1.067 metros de comprimento, branca e aerodinâmica, inspirada na história marítima da localidade.
A ponte terá a forma de um casco de navio e será iluminado por 43 luzes com a forma de velas de um barco, em homenagem às vítimas.
Em paralelo, segue a batalha legal pela tragédia, causada, segundo os familiares das vítimas, pela negligência da empresa encarregada da manutenção – uma subsidiária do grupo Atlantia, de propriedade da família Benetton, a maior concessionária de autoestradas na Itália.