Itália pede que sejam evitados confrontos que atrasem eleições na Venezuela
O governo italiano decidiu nesta terça-feira oficialmente a favor de eleições o mais rapidamente possível na Venezuela, mas não reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente interino do país sul-americano.
Em um discurso na Câmara dos Deputados, o ministro italiano das Relações Exteriores, Enzo Moavero, resumiu a posição da Itália sobre a crise no país sul-americano, um assunto que tem causado fortes tensões dentro do governo de coalizão entre a extrema direita e a formação antissistema Movimento 5 Estrelas.
O ministro das Relações Exteriores reconheceu em seu discurso que a Itália “considera que as eleições presidenciais de maio passado na Venezuela não atribuem legitimidade democrática ao vencedor, isto é, a Nicolás Maduro”, e ressaltou que até o embaixador italiano não participou da cerimônia de posse.
O chanceler, que se encontrou no dia anterior com uma delegação enviada por Guaidó, disse que a Itália está empenhada em “salvaguardar a segurança e os interesses” da comunidade italiana que reside na Venezuela, onde há mais de um milhão e meio de descendentes italianos.
“A situação é complexa e incerta e há sérios riscos. Devemos evitar uma guerra civil”, alertou o chanceler.
O discurso de Moavero contou com a participação da delegação enviada por Guadió a Roma para explicar seus planos políticos e tentar obter o apoio da Itália, entre os países mais importantes que se recusaram a reconhecê-lo como presidente interino.
“Nós não entendemos por que o país europeu mais próximo de nós não toma uma posição clara contra o ditador (Nicolás) Maduro e não exige vigorosamente eleições livres sob os auspícios da comunidade internacional e o desbloqueio da ajuda humanitária”, lamentou Guaidó na terça-feira em uma carta dirigida aos italianos e que teve trechos publicados pela imprensa.
“Precisamos que a Itália esteja do nosso lado, do lado da democracia, liberdade e justiça”, enfatizou Guaidó.
A Itália anunciou que vai doar dois milhões de euros de ajuda humanitária e convidou as partes a “favorecer o diálogo e a reconciliação” e a evitar “atrasar as eleições”.
No dia anterior, o delegado do líder da oposição, Francisco Sucre, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional, advertiu em Roma que “as condições de mediação e diálogo não estão em vigor em seu país”.
Sucre, junto com Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas e Rodrigo Diamanti, encarregado da ajuda humanitária na Europa, fazem parte da delegação enviada por Guaidó à Itália.