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Do Brasil a Gênova: Veleiro de imigrantes voltará para casa

“Goleta Gringo” retorna para Gênova depois de quase 150 anos: transportou migrantes para a América do Sul.

Veleiro de imigrantes
Do Brasil a Gênova: Veleiro de imigrantes voltará para casa | Foto: Reprodução/ lv16

Um veleiro centenário usado para o transporte de imigrantes italianos com destino à América do Sul pode se tornar o barco a vela mais antigo a fazer a travessia do Oceano Atlântico, após ter sido resgatado do fundo de um rio na Argentina.

Chamada “Goleta Gringo”, a embarcação de 120 pés (cerca de 40 metros) foi construída em Gênova, em 1886, e passou por três décadas de restauração, em um trabalho cuidadoso e exaustivo feito por seu atual proprietário, o ítalo-argentino Fernando Zuccaro, apaixonado por navegação desde a infância e que enxerga a viagem à Itália como o “encerramento de um ciclo” para o barco.

“Sempre tive esse objetivo de retornar para Gênova”, conta o comandante em entrevista à ANSA. “A Itália faz parte das minhas raízes, dos meus costumes. Levamos isso no sangue”, garante Zuccaro, que é casado com a bióloga marinha Bárbara, tem cinco filhos e mora no veleiro com a família.   

Residente no Brasil há sete anos, o argentino está agora em Angra dos Reis, onde se prepara para repetir a travessia feita por seus avós italianos, só que no sentido inverso.   


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O Goleta Gringo, batizado originalmente como “Luigi Palma”, foi usado durante quase cinco décadas para levar imigrantes para a América do Sul e retornar à Itália com trigo argentino, em uma viagem que durava de oito a 18 meses (ida e volta), dependendo das condições meteorológicas. Além disso, transportava mármore de Carrara para a Irlanda e voltava com carvão mineral.

Em 1933, o Luigi Palma cruzou o Atlântico pela última vez e ficou na Argentina, onde foi rebatizado como “Pegli”, bairro de Gênova onde ele nascera. O barco, no entanto, seguiu na ativa e transportava produtos como batata, cebola, café e madeira através do Rio Uruguai. Após algumas modificações, foi abandonado no Rio Luján, na província de Buenos Aires, em 1974.   

O veleiro só voltou à vida no início dos anos 1990, quando Zuccaro o localizou no leito do Luján, seguindo indicações de conhecidos. “Comecei a mergulhar dentro do barco e fui soltando o fundo devagarinho, levando-o até a costa. Então comecei a colocar bombas [para retirar a água] e seguia mergulhando em busca de furos no casco, até que ele começou a boiar”, relata.   

Os esforços para recuperar o veleiro italiano renderam a Zuccaro o apelido de “Gringo Loco”, alcunha que acabaria virando o novo nome do barco: “Goleta Gringo”, ou, em português “Escuna Gringo”.   

A estrutura da embarcação estava em boas condições, mas as chapas de aço avariadas tiveram de ser trocadas. Já o casco e o cordame foram restaurados a partir de fotos antigas e com a ajuda de programas de reconstituição digital.   

A reforma respeitou o desenho original, porém algumas alterações foram feitas para modernizar o barco, como a transformação do porão em um espaço com oito cabines com banheiro privativo, sala de almoço e cozinha.   

De Angra dos Reis, Zuccaro quer viajar até Trinidad e Tobago, onde o barco passará por manutenção, e depois participará de uma regata em Antígua e Barbuda, entre 17 e 22 de abril. Em seguida, o itinerário prevê paradas em Bermudas e Açores, antes da aguardada chegada em Gênova, ainda sem prazo definido.   

“Estou com muita vontade”, diz o ítalo-argentino, que estima em US$ 140 mil (R$ 700 mil) a quantia necessária para a travessia atlântica. Para angariar recursos, ele estuda alugar o veleiro, vender souvenires ou rifar uma vaga na viagem, além de buscar patrocinadores.   

“Faltam ainda duas ou três velas. Elas estão funcionando, mas, para fazer a travessia, precisam estar ‘top’. O barco tem dois geradores grandes e um motor de 550hp que gasta até 60 litros por hora, e não podemos prescindir disso”, afirma.   

Se tudo der certo, Zuccaro cumprirá um feito inédito na história da navegação e dará mais uma prova de que os laços entre Itália e América do Sul, forjados há mais de 100 anos pelos primeiros imigrantes, ainda são capazes de domar a força das águas. (Ansa)

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