Nesta segunda-feira (27.05.2024), a polícia de Nápoles, no sul da Itália, executou uma ordem de prisão preventiva emitida pelo juiz do Tribunal de Nápoles Norte, a pedido da Promotoria local, contra seis pessoas fortemente suspeitas de associação criminosa, falsificação de documentos públicos e corrupção.
Entre os presos estão dois brasileiros, Silmara Fabotti, da empresa Diritto di Cittadinanza, e Flavio Alan Yogui, que intermediavam solicitações para obtenção de residência e reconhecimento de cidadania italiana.
Além deles, quatro funcionários públicos do município de Villaricca, incluindo membros do departamento de registro civil (Stato Civile), Alessio De Rosa, Alessandro Di Vivo e Antonio Opera, e da Polícia Local de Villaricca, Antonio Amato, foram colocados em prisão domiciliar.
TV italiana cita Rodrigo Faro em caso de corrupção na cidadania
A atividade beneficiou diversos cidadãos brasileiros, incluindo figuras conhecidas e de destaque, como empresários, jogadores de futebol e apresentadores de televisão, cujos nomes foram relevados pelo jornal TGR, da RAI News.
Ao citar Rodrigo Faro e sua esposa, o noticiário disse que existe uma “fictícia cidade italiana de VIPs brasileiros”, mencionando também o jogador Bruno Duarte da Silva, que atua como atacante do Farense, clube da Primeira Liga do futebol português.
“[Na] fictícia cidade italiana de VIPs brasileiros, entre eles o jogador de futebol Bruno Duarte da Silva, atacante do clube português. Entre os conhecidos apresentadores de TV nacional brasileiros, Rodrigo Faro e sua esposa (Vera Lúcia Viel Faro) e alguns empresários de joias de São Paulo, no Brasil, que estavam envolvidos em negócios lucrativos em toda a Europa”, disse o repórter da TGR.
Suspeitos estavam sendo monitorados
As investigações tiveram início com base nos resultados de uma atividade de monitoramento anterior no município de Villaricca, que se beneficiou de informações obtidas por meio de escutas telefônicas e vigilância dos suspeitos.
Conforme a imprensa local, a atividade criminosa reconstituída pelas investigações tinha como objetivo fazer parecer que cidadãos brasileiros residiam em Villaricca, quando na realidade não estavam presentes, permitindo-lhes assim solicitar a cidadania italiana.
Segundo a TGR, a organização criminosa, era liderada pelos brasileiros que mantinham quatro imóveis onde os cidadãos brasileiros que haviam solicitado a cidadania italiana eram falsamente registrados como residentes.
80 mil euros, cerca de R$ 449.590, foram apreendidos em dinheiro vivo, além de relógios Rolex.
Essa organização contava com a colaboração essencial e constante de funcionários municipais que, em troca de dinheiro e outros benefícios, falsificavam documentos, atestando falsas presenças no município e emitindo certificados de residência falsos.
Através da análise das imagens extraídas dos sistemas de câmeras de vídeo e áudio instaladas no escritório de registro civil da prefeitura de Villaricca, verificou-se que os funcionários municipais permitiam que os proprietários das empresas privadas e promotores da organização criminosa usassem os escritórios e equipamentos informáticos conforme desejassem. Eles acompanhavam e orientavam os processos de interesse, recebendo periodicamente somas de dinheiro para garantir sua constante colaboração.
As investigações, que duraram cerca de um ano, revelaram o mecanismo ilegal implementado no município de Villaricca e permitiram identificar as ações dos funcionários municipais para garantir o sucesso dos procedimentos fraudulentos.
Atualizada em 27.05.24, às 16h25