Em uma Itália marcada pela diversidade linguística, os dialetos são elementos fundamentais de identidade cultural. Um levantamento recente da plataforma Preply revela como os italianos percebem suas variantes regionais, com algumas prediletas e outras, como o napolitano, enfrentando maior resistência, especialmente entre os jovens.
Dialetos menos apreciados e o caso do napolitano
Entre os dialetos italianos menos populares, o napolitano ocupa a última posição. Aproximadamente 25% dos entrevistados o consideram o menos agradável, sendo o mais rejeitado entre os jovens de 18 a 24 anos.
Em Nápoles, a resistência ao próprio dialeto é notável, com 25% dos moradores do local declarando pouca simpatia pela fala tradicional da cidade. Em contrapartida, o napolitano parece agradar mais os adultos acima de 55 anos, evidenciando um forte recorte geracional nas preferências.
Os dialetos siciliano e sardo também enfrentam dificuldades de aceitação. O siciliano, terceiro menos apreciado, registra alta rejeição em cidades como Roma e Trieste, além de Palermo. O sardo, por sua vez, encontra pouca receptividade mesmo em Cagliari, a capital da ilha, além de cidades do norte como Milão e Florença.
As preferências regionais: liguriano no topo
Apesar das dificuldades enfrentadas por alguns dialetos, outros como o liguriano e o emiliano-romanholo se destacam positivamente. O dialeto liguriano, com índice de rejeição de apenas 2,6%, é o mais bem aceito entre os italianos.
Já os dialetos emiliano-romanholo e toscano, com taxas de rejeição de 2,9% e 5,1% respectivamente, completam o pódio das variantes regionais mais apreciadas. As cidades onde esses dialetos são mais comuns mantêm forte apego à linguagem local, evidenciando uma identidade cultural forte em cidades como Gênova e Bolonha.
Dialetos e cultura: um tesouro a ser protegido
A pesquisa da Preply também reforça a importância dos dialetos italianos como elementos que enriquecem a língua e a cultura nacional. Palavras do dialeto, como “cazzimma” (expressão napolitana) e “abbiocco” (do centro da Itália), são usadas no cotidiano e contribuem para o mosaico linguístico do país.
O reconhecimento dessa herança cultural é essencial para preservar a variedade e a autenticidade das expressões regionais, que também servem como um meio de conexão entre gerações e regiões.
Metodologia da pesquisa
A Preply entrevistou 1.000 pessoas, de ambos os sexos e maiores de 18 anos. Os participantes foram incentivados a escolher até três dialetos que considerassem menos agradáveis, e os resultados, que incluem 11 dialetos principais, oferecem um panorama das preferências linguísticas no país.
Assim, mesmo com a popularização da língua padrão italiana, os dialetos continuam representando a essência da diversidade cultural da Itália, refletindo os contrastes e as nuances que tornam a sociedade italiana única.