Um protesto ocorreu na Itália na quinta-feira (12), quando um grupo de pais retirou seus filhos de uma escola em Bari devido ao número de alunos “estrangeiros” em sua turma, segundo o La Repubblica.
Quatro crianças da escola primária Don Bosco em Bari, cidade do sul da Itália, foram transferidas para outra escola por pais que inicialmente pediram ao diretor que as movesse para uma turma com menos alunos “estrangeiros”.
“Isso aconteceu no primeiro ano, no qual sete dos 20 estudantes são ‘estrangeiros’, ou têm pais não italianos”, disse o diretor da escola, Gerardo Marchitelli, ao La Repubblica.
“Mas cinco deles nasceram em Bari, e nem mesmo têm uma diferença de idioma. Os outros dois nasceram na Geórgia e em Bangladesh.”
Ele disse que os pais de sete ou oito crianças haviam pedido originalmente no início do ano letivo para transferir seus filhos para outra classe.
“Após entender sua motivação, respondi que eles tinham apenas duas opções: deixar seus filhos onde estavam ou pedir permissão para mudar de escola.”
A escola não vê a cor da pele
“Devo dizer que não houve conflito”, acrescentou Marchitelli. “Eles marcaram uma consulta, vieram até mim e disseram que havia muitos estudantes estrangeiros na classe. Eu respondi que, pelo que me dizia respeito, não havia nenhum.”
“Não entenderam que a escola não vê a cor da pele. Para nós, eles são apenas crianças”, disse ele. “Se os pais percebem as diferenças como algo negativo, certamente não posso educar os pais também. Eu tento, mas não muito.”
Marchitelli afirmou que o racismo “é um problema que existe em todo lugar”.
“Há também aqueles que se preocupam com a presença de uma criança com deficiência, porque acham que ela pode atrasar a classe”, disse ele.
A escola está localizada no bairro Libertà, no centro de Bari, conhecido por sua diversidade. “São crianças verdadeiramente maravilhosas que conhecem pelo menos dois idiomas, inglês ou francês e italiano, e talvez leiam árabe à tarde na mesquita”, disse Marchitelli.
As autoridades locais elogiaram a resposta firme do diretor à reclamação dos pais e destacaram que a cidade de Bari tem uma longa história de acolhimento de pessoas de outros países.
Pais deveriam voltar à escola
Ludovico Abbaticchio, defensor regional de menores de Puglia, disse: “O diretor da Don Bosco agiu bem ao ser firme e decisivo ao dizer não quando alguns pais pediram para transferir seu filho para outra sala de aula porque havia muitas crianças ‘de pele negra’ na sala de aula.”
“Esses pais deveriam voltar à escola e aprender o valor do respeito pelas pessoas, religiões e vida civil”, acrescentou.
Seguindo os relatos, Paola Romano, conselheira de educação municipal de Bari, convidou quaisquer pais com “dúvidas semelhantes” a se encontrarem com ela para discuti-las.
“Em Bari, ninguém é estrangeiro. Nossa cidade tem uma história de hospitalidade”, acrescentou ela.