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O que fizeram com a minha “Última Ceia”, se pergunta Da Vinci

Não me entenda mal. Eu, Leonardo, sempre fui um amante da diversidade da vida, um curioso sem fim pelo comportamento humano

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O que fizeram com a minha “Última Ceia”, se pergunta Da Vinci | Foto: Olympics

Ah, Paris! Cidade de luz e de sombras, de amores eternos e incertezas passageiras. Aqui estou eu, Leonardo da Vinci, como um espírito inquieto que atravessa os séculos, testemunhando a transformação das minhas criações ao sabor das eras. Nunca imaginei que uma vez veria a minha “Última Ceia” reinterpretada de maneira tão… inusitada.

As Olimpíadas, aquele evento que celebra o corpo e a mente, haviam começado. E, de repente, lá estava ela. Minha ceia, meu tributo à transcendência e à traição, convertida em algo que eu mal poderia reconhecer. Uma tal de rede sociai fervilhava de indignação e confusão.

Uma mesa, outrora símbolo da mais profunda comunhão espiritual, transformada em palco para drag queens. Os apóstolos, substituídos por figuras cujas identidades desafiavam as normas da minha época.

Não me entenda mal. Eu, Leonardo, sempre fui um amante da diversidade da vida, um curioso sem fim pelo comportamento humano. Mas ver meu trabalho reinterpretado dessa maneira? É um choque que mistura uma ponta de orgulho pela influência duradoura com uma certa melancolia pelo distanciamento do propósito original.

Entre os rostos pintados por mim e os rostos pintados por maquiagens e adornos contemporâneos, algo se perdeu. Ou talvez algo novo tenha sido encontrado? Eu, no meu canto remoto, observo e reflito.

Minha “Última Ceia” não era apenas uma pintura; era uma meditação sobre a fragilidade e a força humanas, uma exploração do divino e do mundano. Ver essa obra reinterpretada em um desfile de diversidade moderna me leva a questionar o que permanece sagrado em nosso mundo sempre em mudança.

Talvez, se eu estivesse vivo hoje, veria esta performance com um olhar curioso, tentando entender os novos significados que emergem. Seriam essas drag queens e modelos transgênero os novos apóstolos de uma era de inclusão? Estaria a DJ Barbara Butch encarnando um novo tipo de liderança, desafiando as velhas estruturas de poder e preconceito?

No entanto, a questão do respeito à fé permanece. A arte consegue unir e dividir, de inspirar e ofender. Minha “Última Ceia” foi, e sempre será, um chamado à reflexão. Talvez os organizadores das Olimpíadas de Paris quisessem provocar essa reflexão, embora de um modo que muitos consideraram desrespeitoso.

Enquanto a noite parisiense avançava, deixei meus pensamentos fluírem com a brisa. A arte, afinal, nunca foi estática. Ela vive e respira, transformando-se com cada nova interpretação. Mas há uma linha tênue entre a inovação e o desrespeito, entre a provocação e a ofensa. E é nessa linha que nós, artistas, caminhamos, conscientes de que nosso legado será sempre reescrito pelas gerações que virão.

Assim, continuo minha vigília eterna, observando o mundo transformar minhas criações em algo que jamais poderia ter previsto. E me pergunto: o que farão com minha “Mona Lisa”?

Por Reginaldo Maia

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