A candidatura italiana venceu a disputa com 47 votos contra 34 para Estocolmo
As cidades de Milão e Cortina d’Ampezzo, no norte da Itália, conquistaram nesta segunda-feira (24) o direito de sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de 2026, derrotando a candidatura conjunta de Estocolmo e Are, na Suécia.
O resultado da votação foi anunciado na sede do Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne, Suíça, após os dois países terem defendido suas candidaturas perante os 82 delegados da entidade.
Com isso, a Itália voltará a sediar as Olimpíadas de Inverno exatos 20 anos depois dos Jogos de 2006, em Turim. O país também organizou a edição de 1956, na própria Cortina d’Ampezzo.
O resultado da votação foi recebido aos gritos de “Itália” e realiza o sonho olímpico daqueles que se desapontaram com a desistência de Roma para sediar os Jogos de Verão de 2024, que serão realizados em Paris.
Em Cortina, vilarejo alpino com cerca de 6 mil habitantes, a notícia foi comemorada com o toque de sinos das igrejas e o hasteamento da bandeira italiana em um campanário. “Estamos orgulhosos deste grande resultado! A Itália venceu.
Todo o país trabalhou unido e compacto na ambição de realizar e oferecer ao mundo um evento esportivo memorável”, disse no Twitter o primeiro-ministro Giuseppe Conte.
Política
Lançada em 2018, a candidatura italiana previa inicialmente a participação de Turim, mas disputas políticas com Milão fizeram a capital do Piemonte desistir.
A cidade é governada pelo antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), mesmo partido que, após chegar ao poder em Roma, abriu mão do projeto para a capital italiana sediar os Jogos de 2024.
O M5S também integra o atual governo da Itália, em aliança com a ultranacionalista Liga, que controla as regiões do Vêneto e da Lombardia, onde ficam, respectivamente, Cortina e Milão.
“A Itália, o futuro e o esporte venceram. Obrigado a quem acreditou desde o início, e lamento por quem desistiu. Ao menos 5 bilhões de euros de valor agregado, 20 mil postos de trabalho, além de estradas e estruturas esportivas novas”, comemorou o ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini, secretário da Liga.
Projeto
A candidatura italiana apostou no dinamismo de Milão e no fascínio da Cordilheira das Dolomitas, trecho dos Alpes que atrai milhares de turistas todos os anos.
O projeto olímpico é estimado em 1,3 bilhão de euros, dos quais 400 milhões serão bancados pelo COI, com projeção de aumento de 2,3 bilhões de euros no Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo um estudo da Universidade La Sapienza, de Roma.
As provas serão divididas entre quatro polos: Milão, Cortina, Valtellina e Val di Fiemme, vale situado na região de Trentino-Alto Ádige, também nos Alpes italianos. A cerimônia de abertura deve ser no icônico San Siro, atual estádio da Inter de Milão e do Milan, que planejam construir uma nova arena nos próximos anos.
Já o fechamento será na Arena de Verona, o anfiteatro romano mais bem preservado da Itália. Mais de 90% das infraestruturas esportivas já existem ou serão temporárias, e apenas uma será construída do zero, por investidores privados, o “PalaItalia Santa Giulia”, que receberá partidas de hóquei.
A cidade de Milão deve receber as provas indoor, como hóquei e patinação, enquanto o Valtellina, vale lombardo situado na fronteira com a Suíça, organizará as disputas de snowboard e esqui alpino masculino – o feminino será em Cortina.
A “Pérola das Dolomitas” também receberá partidas de curling, bobsled, trenó e skeleton. Já o Trentino-Alto Ádige abrigará as competições de biathlon, patinação de velocidade e esqui de fundo. Atletas e treinadores ficarão em seis vilas olímpicas, situadas no máximo a 20 minutos dos locais de prova.
Os Jogos 2026 também buscarão a sustentabilidade ambiental, com a promessa de reciclar 100% dos resíduos urbanos e 80% das embalagens.
Por Agência Ansa