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Merlo alerta: “Se o Parlamento não nos ouvir, vamos à Justiça”

“Querem apagar nossa história”: Merlo reage a decreto que restringe cidadania por descendência.

Ricardo Merlo (dir), presidente do MAIE, ao lado de Matteo Salvini, líder da Liga | Foto: Italia Chiama Italia
Ricardo Merlo (dir), presidente do MAIE, ao lado de Matteo Salvini, líder da Liga | Foto: Italia Chiama Italia

O novo decreto do governo italiano sobre cidadania gerou forte reação de Ricardo Merlo, presidente do Movimento Associativo Italiani all’Estero (MAIE), um partido político italiano fundado na Argentina.

Em entrevista ao portal Italia Chiama Italia, Merlo classificou a medida como um “ataque direto ao princípio do ius sanguinis”, que garante o direito à cidadania italiana por descendência.

“Este decreto, assim como está, cria um precedente e abre a estrada à cidadania fácil para imigrantes extracomunitários na Itália e para os seus filhos”, declarou. Para Merlo, o mais paradoxal é o apoio de partidos tradicionalmente contrários ao ius soli. “Estão levando adiante essa ação política inclusive o partido do ex-ministro Tremaglia e a Liga. Tudo muito estranho”.

Segundo o texto aprovado por unanimidade pelo Conselho de Ministros, a cidadania por descendência será limitada a duas gerações e dependerá do nascimento em solo italiano. Para Merlo, isso representa uma ruptura sem precedentes. “Quem tem sangue italiano é italiano. Isso sempre foi o princípio fundamental da nossa legislação. Com esse decreto, isso deixa de existir”.

Merlo criticou duramente a condução política da proposta. “Foi uma medida apressada, feita sem o devido debate. Não consultaram o Parlamento, tampouco os eleitos no exterior. O CGIE, que deveria ser o elo entre governo e comunidade italiana no mundo, também foi ignorado”.

Para ele, a escolha de incluir o nascimento na Itália como critério representa uma mudança estrutural. “Pela primeira vez se introduz o nascimento como requisito. Isso não existia. O princípio era claro: a cidadania se transmite pelo sangue, não pelo território. Agora, estamos vendo um movimento em direção ao ius soli disfarçado, ou como preferem chamar, ius Italiae.”

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O presidente do MAIE também questiona a origem da proposta: “Esse decreto não nasceu da política, nasceu da burocracia. E parte da política apenas referendou. Isso é ainda mais preocupante”.

Merlo também direcionou críticas ao ministro Antonio Tajani, responsável pelo texto. “Acredito que Tajani está sendo mal assessorado, inclusive na comunicação. Fala de forma ofensiva sobre os italianos no exterior. Poderia usar outros termos, menos duros”.

O político destaca que, se aprovado sem alterações, o decreto pode provocar efeitos irreversíveis. “Esse texto, se virar lei, vai acabar com a italianidade no mundo em poucas gerações. Vai prejudicar o made in Italy, o turismo de retorno, a difusão da língua italiana. Só para citar alguns impactos diretos.”

O MAIE já atua no Parlamento para tentar barrar o avanço do decreto.

“Apresentamos emendas que visam excluir do texto a exigência de nascimento na Itália. A cidadania deve ser transmitida independentemente do local de nascimento do filho ou do neto. Se o Parlamento não nos ouvir, vamos à Justiça. Esse decreto é cheio de inconstitucionalidades”.

Para Merlo, a cidadania é parte essencial da identidade italiana espalhada pelo mundo. “Eles podem mudar as leis, podem excluir gerações, mas não vão apagar nossa história. Não vão tirar de nós a nossa identidade. Isso ninguém poderá nos tirar”.

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