A Itália celebrará o centenário do nascimento de Pier Paolo Pasolini com uma série de eventos, livros e shows em 2022.
O escritor e cineasta nasceu em Casarsa della Delizia, cidade italiana da região do Friuli-Venezia Giulia, em 5 de março de 1922.
Haverá exposições em Roma, Bolonha e outras cidades. Uma nova coleção de cartas de Dacia Maraini, uma grande amiga do escritor, será publicada.
Grande parte do material cobre suas viagens à África com seu companheiro, o romancista Alberto Moravia, e Pasolini, um trio inseparável de intelectuais.
Haverá também um novo livro do decano dos estudos de Pasolini, Walter Siti, bem como coleções de poetas em dívida com Pasolini.
Outras novas publicações procurarão lançar uma nova luz sobre o mistério que ainda paira sobre o assassinato de Pasolini em Ostia, perto de Roma, em 2 de novembro de 1975, aos 53 anos de idade.
Ele foi morto brutalmente um dia depois de voltar de Estocolmo, onde se havia reunido com Ingmar Bergman e outros representantes da vanguarda cinematográfica sueca, e de ter dado uma entrevista explosiva à revista “L’Espresso“.
Na entrevista, ele tratou de seu tema favorito: “Considero o consumismo como uma forma de fascismo pior que a versão clássica”.
Pier Pasolini era filho de Carlo Alberto, militar de carreira, e de Susanna Colussi, professora primária. Em 1939, licenciou-se em literatura pela Universidade de Bolonha.
Em 1947, aderiu ao Partido Comunista Italiano e participou em várias manifestações. Em 1949, participou no Congresso da Paz, em Paris. Em outubro desse ano, foi acusado de corrupção de menores e atos obscenos, sendo expulso do Partido Comunista.
Entre as suas obras mais conhecidas estão “Meninos da Vida”, “Petróleo” e “Uma Vida Violenta”, onde o tema central era o indivíduo que leva a vida à margem da sociedade.
Pasolini trabalhou como jornalista e roteirista para realizadores como Fellini, entre outros.
Ele dirigiu a “Trilogia da Vida” – “Decameron” (1970), “Contos de Contos de Canterbury” (1973) e “As Mil e Uma Noites” (1974) – filmada na Etiópia, Índia, Irã, Nepal e Iémen. Esses filmes foram proibidos em muitos países.
O seu último, “Saló ou Os 120 dias de Sodoma” (1975), onde adaptou uma obra do Marquês de Sade (“Les 120 journées de Sodome”) ambientando-a ao curto período da República fascista de Salò – filme forte e controverso ainda nos dias de hoje.
Pasolini usou a palavra e a imagem para se posicionar contra o conservadorismo da sociedade e o governo italiano.