Faz exatamente 100 anos: a Itália parava para se despedir de Enrico Caruso.
Nascido em Nápoles em 25 de fevereiro de 1873, Caruso é considerado o mais completo tenor do século 20. Sua carreira foi uma sucessão de êxitos em todo o mundo.
Ele morreu aos 48 anos, em 02 de agosto de 1921, vitimado por complicações decorrentes de uma infecção pulmonar. O grande tenor fumava dois maços de cigarro por dia.
Suas gravações têm até hoje prestígio artístico e técnico, pois perpetuaram a indústria do gramofone e do disco e consagraram a arte do canto italiano.
A voz marcante de Enrico Caruso já havia chamado a atenção desde cedo. Ainda criança, ajudou no sustento da família através de apresentações com o coro da igreja, nos cafés e nas ruas. Sua estreia na cidade natal aconteceu quando contava 22 anos, no Teatro Novo.
Fascinado com a música Africanella, popular na época, e inspirado por sentimentos nacionalistas, o compositor Morelli financiou “L’amico francesco” do próprio bolso. Em vista da falta de interesse do público, dois dos quatro espetáculos previstos tiveram de ser cancelados.
Alguns meses antes, também haviam acabado em fiasco seus testes para participar da ópera Mignon. Na prova decisiva, fez confusão com notas e textos, provocando a ira dos organizadores. Para sua sorte, no entanto, um agente anotou seu nome e o chamou para participar do trabalho com Morelli.
Megastar do século 20
Em 1900, estreou no templo sagrado do canto, o Scala de Milão. Três anos depois, foi recebido de braços abertos no Metropolitan Opera House de Nova York para interpretar o papel principal da ópera Rigoletto, de Giuseppe Verdi. Caruso, o megastar do século 20, abriu todas as temporadas seguintes do Metropolitan nova-iorquino. Sua última apresentação foi justamente ali, em La Juive, de Halevy, em 24 de dezembro de 1920.
Consagrado pelo público e dono de uma voz espetacular para a era da fonografia, foi contratado pela inglesa Gramophone Company para a gravação de músicas. Até sua morte, em Nápoles, em 2 de agosto de 1921, ele gravou 266 discos.
Caruso conquistou a eternidade mais por seu estilo interpretativo que por sua técnica. No princípio da carreira, não conseguia atingir os agudos. Além disso, problemas de garganta o impediram de manter o cristal da voz. Ele personificou um novo tipo de timbre e de cantor, ideais para a sua época.
Unindo a tradicional arte do belcanto ao expressionismo, tornou-se o maior intérprete do Verismo, o movimento literário de caráter naturalista surgido na Itália no final do século 19, em oposição ao romantismo. As obras mais conhecidas deste movimento são Cavaleria Rusticana (Pietro Mascagni) e I Pagliatti (Leoncavallo Ruggiero).