Motorista sequestrou ônibus com 51 estudantes perto de Milão e, ao ser abordado pela polícia, colocou fogo no veículo; ninguém se feriu
Um adolescente egípcio de 13 anos é o herói que evitou um massacre de estudantes na última quarta-feira (20), quando um cidadão ítalo-senegalês sequestrou e incendiou um ônibus escolar com 51 estudantes perto de Milão, na região norte da Itália.
Ramy Shehata escondeu o celular do agressor, Ousseynou Sy, que queria cometer um atentado para protestar contra as políticas migratórias do governo italiano, e conseguiu alertar os serviços de emergência.
“Meu filho fez seu dever, seria belo se obtivesse a cidadania italiana”, disse nesta quinta-feira (21) o pai do jovem, Khalid Shehata. “Somos egípcios, chegamos na Itália em 2001, meu filho nasceu aqui, em 2005, mas ainda esperamos um documento oficial.
Queremos muito ficar nesse país”, acrescentou.
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Pelas leis italianas, um filho de imigrante nascido no país só pode obter a cidadania após completar 18 anos. “Pensei somente em meus colegas, queria salvá-los, tentei tranquilizá-los, não importava o que podia acontecer comigo”, contou Ramy.
Segundo seu relato, Sy afirmava que “não queria fazer mal” a ninguém, apenas que queria “vingar” sua mulher e suas três filhas, supostamente mortas no Mar Mediterrâneo. “Quando crescer, quero ser policial”, disse Ramy à ANSA.
O vice-premier e ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Luigi Di Maio, propôs conceder cidadania por “mérito especial” ao adolescente e revogar a de Sy, que é italiano desde 2004. “É também graças a ele [Ramy] que se evitou o pior. Seu pai lançou um apelo, pediu que seja reconhecida sua cidadania, e acho que o governo deve acolher esse pedido”, declarou Di Maio.
O outro vice-premier da Itália, Matteo Salvini, também ministro do Interior, foi mais cauteloso e afirmou que o caso ainda está sendo analisado. “Devemos agora ler os autos e avaliaremos”, ressaltou. A cidadania por méritos especiais deve ser proposta pelo Ministério do Interior, aprovada pelo governo e sancionada pelo presidente da República.
Sequestro – Ousseynou Sy era o motorista do ônibus e levava os jovens de volta a uma escola de Crema, a 50 quilômetros de Milão, após uma atividade externa. Perto de San Donato Milanese, ele mudou a rota e disse aos 51 estudantes a bordo que iria para o Aeroporto de Linate, em Milão.
Sy confiscou todos os celulares dos jovens, à exceção do de Ramy, que conseguiu alertar a polícia. O agressor tentou furar um bloqueio da Arma dos Carabineiros, mas perdeu o controle do ônibus, que se chocou contra uma mureta. Sy então espalhou gasolina pelo veículo e o incendiou, porém os policiais conseguiram retirar todos os passageiros em segurança. O sequestro durou pouco menos de 40 minutos.
Uma estudante que estava no ônibus relatou à polícia que o agressor culpava Salvini e Di Maio pelas mortes de migrantes.
“Ele nos ameaçava, dizia que, se nos movêssemos, jogaria gasolina e colocaria fogo. Ficava dizendo que as pessoas na África morrem, e a culpa é de Di Maio e Salvini”, contou a jovem.
O agressor tinha antecedentes penais por dirigir embriagado (2007) e assédio sexual contra uma adolescente (2011).
Por agência ANSA