Cidades têm adotado modelo de show pirotécnico que não agride bebês, idosos e animais
Ter um cachorro em meio a festas de fim de ano pode ser difícil. Assim que os fogos de artifício começam, os animais ficam bem ansiosos e tremendo de medo, devido à grande sensibilidade de sua audição.
Para evitar esse desconforto, várias cidades na Itália estão substituindo os fogos de artifício por versões silenciosas.
É o caso de Collecchio, na província de Parma, que adotou a tecnologia como regra para suas comemorações populares, incluindo a de Ano Novo. A lei vale para os moradores: se você quiser soltar fogos por lá, vai ter que ser a versão silenciosa.
Na comuna de Spezia, na Liguria, moradores criaram na semana passada um abaixo-assinado propondo o uso de fogos de artifício silenciosos.
Trieste, na região norte da Itália, testou a tecnologia neste ano na principal festividade do calendário comemorativo, o Ferragosto. Milhares de expectadores acompanharam a queima de fogos, que foram sincronizadas com musicas de Andrea Bocelli, por exemplo. A cidade promete repetir a experiência.
Como funciona a tecnologia
A fábrica inglesa Fantastic Fireworks já produz os fogos silenciosos há 30 anos. A novidade para eles não é o silêncio, mas os competidores. “Durante a última década, temos tido mais concorrência”, afirmou Rino Sampieri, gerente de exibições da empresa ao New York Times. Cada vez mais, pequenos produtores estão se dedicando mais à versão menos barulhenta dos artefatos. Na prática, com o aumento da produção, fica mais fácil (e mais barato) utilizá-los nas mais diferentes ocasiões.
A explicação é química e física. Alguns elementos, quando entram em contato com o calor, emitem chamas de diferentes cores. Quando as moléculas de um determinado elemento são agitadas, elas ganham energia, que acaba liberada na forma de luz.
Cada elemento libera uma quantidade diferente de energia, formando ondas de luz com caracteristícas igualmente distintas. Uma onda com amplitude de 380 nanometros (um bilhão de vezes menor que um metro) é violeta. Se o valor for de 780 nanometros, a cor fica vermelha. Na prática, isso significa que, se você queimar cobre, o processo químico vai resultar em chamas amarelas, e se tocar fogo no bário, o resultado é verde. Até aí tudo bem, química para inglês ver; não ouvir. Acontece que os fogos de artificio tradicionais utilizam bombas, que explodem esses elementos químicos, depois de arremessa-los no ar. Os fogos silenciosos não, eles queimam, gradativamente, sem uma grande explosão.
Isso traz um efeito visual. Ao evitar as explosões, os fogos quietinhos queimam devagar – desde seu lançamento. Isso faz com que eles, geralmente, não atinjam uma altura tão elevada quanto ao de seus primos barulhentos (quando chegam lá em cima já terminaram). Consequentemente, menos pessoas conseguem vê-lo. Por outro lado, quem consegue, aproveita mais. A queima lenta permite um espectro de cores maior. Quando os fogos explodem, eles te dão apenas uma cor, a queima gradual deixa que você assista a um degrade de fogo nos céus.
É justo falar que eles não são mudos. Rola um som, só que é bem menor do que os comuns. É mais um “Pá”, enquanto os tradicionais fazem um estrondo bombástico. Já é o suficiente para amenizar alguns problemas. Pessoas áudio-sensitivas, bebês, e animais de estitimação costumam sofrer com as comemorações que envolvem fogos, e a versão silenciosa vêm sido utilizada como alternativa.
Claro que não há qualquer previsão para extinguir os fogos de artificio tradicionais, mas, pode se tornar mais frequente a impressão de que você está vendo uma queima de fogos no mute.