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Deputado diz que Decreto Tajani é ‘ato criminal’ contra italianos no exterior

Críticas ao Decreto Tajani marcaram a entrega das 112 mil assinaturas contra a medida que restringe o direito à cidadania italiana.

Deputado Ricciardi diz que Decreto Tajani é “ato criminal” contra italianos no exterior | Foto: YouTube/Depositphotos Foto: Camera dei Deputati
Deputado Ricciardi diz que Decreto Tajani é “ato criminal” contra italianos no exterior | Foto: YouTube/Depositphotos Foto: Camera dei Deputati

O deputado Toni Ricciardi (PD) classificou como “criminosa” a tentativa do governo italiano de alterar as regras da cidadania por sangue por meio do Decreto-Lei 36/2025, conhecido como Decreto Tajani.

A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa, na Câmara dos Deputados, em Roma, nesta terça-feira, 13 de maio, para apresentar as 112.000 assinaturas contra a medida. O decreto, segundo ele, ameaça um direito fundamental de milhões de descendentes de italianos.

112 mil assinaturas foram entregues contrárias ao Decreto 36/2025  | Foto: Depositphotos Foto: Camera dei Deputati
112 mil assinaturas foram entregues contrárias ao Decreto 36/2025 | Foto: Youtube/Camera dei Deputati

Ricciardi afirmou que o governo tenta justificar a mudança alegando riscos à segurança nacional, já que o número de cidadãos italianos no exterior poderia superar os que vivem na Itália. Para ele, trata-se de uma “falsa narrativa”.

“Este país foi construído sobre a migração. São quase 40 milhões de saídas desde 1876. O direito à cidadania não é concedido por um Estado, mas nasce com a pessoa”, disse.

O parlamentar criticou ainda o uso de um decreto para tratar de tema tão sensível. “Não se modifica um direito fundamental por decreto. Isso é um erro procedimental grave”, argumentou.

Ricciardi também acusou o governo de tentar manipular o sistema eleitoral com o decreto. Ele afirmou que as mudanças afetam diretamente comunidades em países como França, Bélgica, Alemanha e Suíça, onde muitos descendentes correm o risco de perder o direito à cidadania.

Além disso, destacou que a medida é retroativa e, por isso, inconstitucional. “Há famílias em que um filho nascido antes de 27 de março é italiano, e o irmão, nascido depois, pode não ser mais”, alertou.

Segundo Ricciardi, essa ofensiva contra os direitos dos italianos no exterior é parte de um plano maior para viabilizar a proposta de premierato — que daria mais poderes ao chefe de governo. “Estão mudando as regras do jogo no meio da partida.”

O deputado concluiu fazendo um apelo por união entre os representantes eleitos fora da Itália, afirmando que a luta não é política, mas identitária. “Todos temos uma história migratória familiar. Essa retórica patriótica de ocasião é ofensiva. Este decreto é um ato criminal e como tal deve ser definido.”

Durante o evento, Daniel Taddone, conselheiro do CGIE e presidente da Natitaliani — entidade responsável pela coleta da petição online — também se manifestou: “É uma vitória termos recolhido essas 112.000 assinaturas, mas, obviamente, não é uma situação que nos agrade. É uma situação muito delicada, muito triste, e, desde o dia da infâmia de 28 de março de 2025 até hoje, não houve uma única palavra minimamente positiva do Governo italiano em relação aos italianos no exterior”.

A coletiva contou ainda com a presença do deputado Fabio Porta (PD).

A expectativa é que a proposta seja debatida até 26 de maio na Câmara dos Deputados. Ricciardi espera adiar a votação e manter a mobilização contra a medida.

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