Os moradores de Florença estão sendo convidados a pagar as contas de serviços públicos de idosos que vivem sozinhos e lutam para sobreviver, enquanto os líderes da cidade procuram proteger os mais vulneráveis dos custos crescentes de energia.
A iniciativa “adote uma conta” começa nos próximos dias e ocorre quando as implicações sociais de um aumento de mais de 50% nas contas de gás e eletricidade na Itália neste inverno começam a aparecer.
“O impacto social é muito forte, pois estamos enfrentando enormes aumentos nas contas”, disse Dario Nardella, prefeito de Florença, ao Guardian. “Recebemos muitas ligações e cartas de pessoas que estão em grande dificuldade.”
Cerca de 27,6% da população de Florença tem mais de 65 anos, número que aumentou nos últimos anos, com entre 30.000 e 33.000 de aposentados vivendo sozinhos.
“E muitos estão vivendo abaixo da linha da pobreza, tentando sobreviver com € 9 mil por ano”, acrescentou Nardella. “Temos uma lista de todas as pessoas inscritas nos serviços sociais e não conseguimos ajudar a todos, por mais que tentemos, pois o município também foi atingido pelos altos custos de energia.”
Sara Funaro, conselheira de bem-estar de Florença, disse que o conselho tinha de 4.000 a 6.000 idosos em seus registros de serviços sociais, embora ela estimasse que o número daqueles em conflito econômico agora pode ser maior.
“Pessoas que normalmente conseguiam administrar, ou que tinham algum apoio, talvez da família, não conseguem mais fazer isso”, disse ela. “De sua pensão eles têm que pagar aluguel, alimentação e agora essas contas muito altas. Precisamos dar-lhes alguma serenidade.”
As doações serão coletadas online pela Fundação Montedomini, que há décadas atende idosos em Florença, e os cidadãos podem doar o quanto puderem.
Desde que a notícia da iniciativa foi publicada pelo La Repubblica no domingo, Montedomini recebeu dezenas de mensagens de indivíduos e empresas querendo doar.
“É muito impressionante”, disse Nardella. “Os florentinos, quando se trata de solidariedade, são muito receptivos.”
Florença estava entre as principais cidades italianas que na semana passada apagaram as luzes de monumentos famosos em um protesto simbólico contra os altos custos da eletricidade, que estão deixando muitas delas lutando para pagar as contas de prefeituras e prédios públicos.
ANCI, a associação de municípios italianos, estima que as contas aumentarão em pelo menos € 550 milhões para os conselhos locais, de um gasto total anual de eletricidade de € 1,6 bilhão a € 1,8 bilhão.
Nardella disse que Florença reservou € 7,5 milhões de seu orçamento de 2022 para os custos adicionais de energia.
O governo italiano tem se esforçado para aliviar o fardo das contas de gás e eletricidade para famílias e empresas, decretando até agora 5,5 bilhões de euros em medidas de apoio. O primeiro-ministro, Mario Draghi , disse na semana passada que o governo estava preparando uma nova “intervenção de longo alcance”.
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