A Itália está utilizando cachorros treinados para detectar a Covid, com precisão de quase 100%. Apesar do ceticismo de alguns, o projeto piloto foi implantado no Aeroporto de Cuneo, no Piemonte.
O cão farejador só precisa de alguns segundos para alertar se alguém está contaminado com o Sars-Cov-2.
Nem todas as pessoas que passarem pelo saguão do aeroporto serão submetidas ao teste canino. Na verdade, essa é uma escolha voluntária.
O estudo está nas mãos da Onlus MDDI (Medical Detection Dogs Italy), em parceria com pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia.
“Podemos dar a nossa contribuição para a retomada segura do transporte aéreo, oferecendo rastreamento eficaz e rápido para todos os passageiros que desejam fazer o teste”, explica Anna Milanese, diretora do Aeroporto de Cuneo.
Como os cães reconhecem Covid
O teste leva menos de um minuto e não requer teste de saliva. De acordo com o que acontece no aeroporto finlandês, e repetido no de Cuneo, na Itália, os cães são instigados a cheirar uma amostra de suor e, em caso de resultado positivo, o passageiro é levado para outra área do aeroporto para ser testado de forma convencional, gratuitamente, para confirmação ou não a indicação do cão.
De acordo com estudo na Universidade de Helsinque, os cães foram treinados para reconhecer o cheiro do vírus em amostras de suor ou urina.
Em caso positivo, eles emitem um som específico, Já em uma amostra negativa o cão não tem nenhum tipo de reação e parte para a próxima.
“O olfato dos cães é incrível, já os utilizamos para descobrir e identificar tumores, com 95% de sucesso. Somos capazes de treinar cães anti-Covid, capazes de para reconhecer até os assintomáticos. Levaria mais ou menos algumas semanas de preparação”, contou Aldo La Spina, diretor técnico da Onlus MDDI.
Os cachorros já são treinados para farejar câncer, malária, Parkinson, entre outras doenças. Isso ocorre porque os cães têm o olfato apurado e parte das doenças deixam um cheirinho característico.
Então, sim, o Sars-CoV-19 provavelmente tem um odor único – apesar de os cientistas ainda não saberem ao certo que cheiro é esse.
Pode ser tanto uma substância química secretada pelo corpo da pessoa infectada quanto uma mudança no odor do suor, por exemplo.
Outros estudos
O estudo não se limita à Itália e a Finlândia. Também na Alemanha, pesquisadores anunciaram resultados promissores com cães como detectores de covid-19, porém até agora eles não foram empregados em parte alguma.
Segundo o professor Holger Volk, da Universidade de Medicina Veterinária de Hannover, não tem havido nem vontade política nem verbas para levar o projeto adiante.
O preconceito de ser diagnosticado por um animal explica o desinteresse de políticos.
Em uma série de testes, oito cães farejadores da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) foram treinados por apenas uma semana para distinguir entre muco e saliva de pacientes infectados com o Sars-Cov-2 e de indivíduos saudáveis.
Confrontados com amostras positivas e negativas por meio de uma máquina, aleatoriamente, os animais foram capazes de detectar positivamente as secreções infectadas com o vírus com uma taxa de sucesso de 83%, e secreções de controle com 96%. A taxa geral de detecção, combinando as duas, foi de 94%.
Dubai, nos Emirados Árabes, já havia colocado animais policiais para ajudar no rastreio. O processo era praticamente idêntico ao finlandês, com a diferença que o passageiro coletava uma amostra de suor de sua axila.