Operação realizada na Sicília foi batizada como “Tudo incluído”
Parece notícia velha, mas a polícia italiana desmontou nesta sexta-feira (30) mais um esquema de fraude no reconhecimento de cidadania italiana por direito de sangue para brasileiros.
Desta vez, a ação foi em Catânia, uma das principais cidades da Sicília, no sul do país.
As forças de segurança cumpriram mandados de prisão domiciliar preventiva contra supostos envolvidos nas irregularidades, incluindo quatro servidores da Prefeitura de Catânia que teriam recebido dinheiro “em troca de favores prestados no desempenho de suas funções”.
Ainda foram detidos um dos dois supostos organizadores do esquema e um despachante. Um ítalo-brasileiro também é investigado, e a polícia interditou quatro imóveis usados para hospedar candidatos à cidadania.
Os quatro servidores colocados em prisão domiciliar são um guarda civil (responsável pela certificação da residência), uma integrante do gabinete para estrangeiros, a responsável pelo departamento de cidadanias e um funcionário do arquivo de registro civil.
Asse$$or
A operação foi batizada como “Tudo incluído”, em português mesmo, já que os candidatos pagavam 5 mil euros (R$ 34 mil pela cotação atual) por pacotes que contemplavam alojamento, alimentação e a cidadania reconhecida em pouco menos de duas semanas, sendo que a tramitação normal dura por volta de três meses.
Uma das provas apresentadas pelo Ministério Público é um vídeo feito com uma câmera escondida no departamento de cidadania da Prefeitura de Catânia.
Na gravação, um homem diz para uma mulher: “Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Vou dizer primeiro a boa: a notícia boa é que chegaram cinco. A notícia ruim é que estão irritando antes de chegar… Porque as querem feitas a cada três dias. Esperamos que seja o bastante, 625 euros, certo?”.
Em seguida, ele tira algo da carteira e entrega para a mulher, que guarda em sua bolsa. Não está claro o que o homem quis dizer com a frase “porque as querem feitas a cada três dias”.
O Ministério Público estima que o esquema tenha movimentado 250 mil euros, e os investigados são suspeitos de crimes como formação de quadrilha, favorecimento à imigração clandestina, corrupção e falsificação de ato público.
Falsa residência
Ao longo dos últimos anos, a polícia e o Ministério Público desmantelaram diversas quadrilhas que praticavam corrupção e fraudes nos processos de reconhecimento de cidadania italiana jus sanguinis, especialmente envolvendo brasileiros.
A mais recente delas aconteceu há cerca de duas semanas, em Crescentino, no noroeste da Itália.
O problema mais frequente é a questão da residência. Para obter o reconhecimento, é preciso comprovar moradia no país, o que exige a permanência por um período relativamente incerto, mas que pode durar por volta de três meses.
Mas Ministério Publico italiano entende que uma residência de três meses, por exemplo, não é considerada de longa duração. E frequentemente oferece a denúncia.
Apesar disso, despachantes vendem a ideia de que tal etapa pode ser concluída rapidamente ou sem a necessidade da presença permanente do candidato em solo italiano, o que vai contra ao que estabelece a lei.
Com informações da agência Ansa