Mercados e investidores ficaram aliviados com a vitória de Emmanuel Macron sobre a eurocética Marine Le Pen nas eleições presidenciais francesas no mês passado. Mas eles não devem baixar a guarda. Uma nova ameaça está surgindo do implacável laboratório político da Itália, diz o editorial desta quinta-feira (19) do The Washington Post, assinado por Rachel Sanderson.
“Giorgia Meloni, a primeira mulher a liderar um partido político na Itália machista, agora é vista como a força para vencer na era pós-Draghi. E se ela emergir como sucessora de Draghi, será um terremoto político para a Itália e para a Europa”, diz a analista.
Isso porque o partido Irmãos da Itália, de Meloni, foi fundado das cinzas da Aliança Nacional fascista em 2012, segundo o jornal dos EUA. “Em 17 de maio, as pesquisas apontavam o apoio de seu partido em 23% dos eleitores em potencial, dois pontos à frente da coalizão de centro-esquerda liderada por Enrico Letta. A antiga potência de direita, a Liga de Matteo Salvini, está com 16% nas pesquisas, um colapso de uma altura de 30% em 2019”.
Segundo Sanderson, a ascendência de um partido neofascista causaria pânico nos mercados internacionais. “Meloni já está buscando ampliar seu apelo – suavizando sua retórica. Em talk shows e impressos, ela começou a se descrever como centro-direita”.
Em outro trecho, o jornal cita que “Meloni é agora a única verdadeira estrela política não contaminada pelas maquinações do sistema”, e que ela aprendeu lições com o fracasso do euroceticismo hardcore de Le Pen e Salvini.
“Muitas das posições de Meloni são contraditórias. Ela sabe que a Itália precisa de fundos da União Europeia, daí a postura anti-UE mais branda. Mas ela continua abertamente contra a imigração e contra o federalismo europeu. Mãe solteira, apresenta-se como defensora dos valores familiares cristãos tradicionais”, diz o artigo, que pode ser lido na íntegra aqui, em inglês.