Se a Itália fecha os olhos para nós, descendentes de italianos, talvez esteja na hora de respondermos com algo impossível de ignorar: o nosso voto.
Em junho, seremos chamados a decidir sobre cinco referendos. Entre eles, um em especial toca diretamente na questão da cidadania italiana — tema que conhecemos na pele. A proposta é simples: reduzir de 10 para 5 anos o tempo necessário para um estrangeiro residente na Itália solicitar a cidadania. Não parece radical, parece justo. Ainda mais quando lembramos que muitos ítalo-descendentes, com sobrenome italiano, esperaram décadas por reconhecimento.
Você já ouviu um vice-primeiro-ministro, um tal de Tajani, dizer que estrangeiros representam uma ameaça à segurança nacional? Nós ouvimos. E se hoje somos considerados “de fora”, vamos mostrar que mesmo de fora, sabemos onde queremos entrar. E vamos entrar pelo voto.
Vote SIM. E mostre que você se importa
Este referendo é mais do que uma reforma administrativa. É uma chance de dizer: “Estou aqui. Sou parte disso.” Se a Itália duvida da nossa conexão, que ela sinta nossa presença nas urnas.
Votar SIM é apoiar quem vive na Itália, constrói o país todos os dias e ainda enfrenta portas fechadas. É dar um passo em direção a uma cidadania mais justa, menos burocrática e mais humana. E, sim, é também uma forma de pressionar um sistema que despreza os próprios descendentes, mas lucra com a ideia de “italianità”.
Se você já enfrentou fila, despesa e desprezo tentando reconhecer sua cidadania, esse voto também é seu recado. Vote SIM. Pela sua história. Pela nossa presença. Pela justiça.
A primeira-ministra Giorgia Meloni e sua trupe querem o NÃO no referendo.
Como votar do exterior
Você só precisa estar inscrito no AIRE ou ter feito pedido de voto temporário (por trabalho, estudo ou saúde) até 7 de maio. O plico eleitoral será enviado até 21 de maio ao seu endereço.
Se até o dia 25 o envelope não tiver chegado, procure o consulado e peça o duplicado.
As cédulas devem ser devolvidas até as 16h de quinta-feira, 5 de junho.

O que está em jogo
- Cidadania italiana: reduzir tempo de residência para estrangeiros pedirem cidadania.
- Contrato de trabalho: fim do modelo que dificulta demissões.
- Pequenas empresas: mudanças nas regras de indenização por demissão.
- Trabalho temporário: flexibilização nos prazos e renovações.
- Acidentes de trabalho: fim da responsabilidade compartilhada em terceirizações.
O momento é agora
Não é só sobre cidadania. É sobre pertencimento, dignidade e voz. Não deixe passar a chance de influenciar um país que, mesmo distante, ainda é parte da sua história. Ou que pelo menos deveria ser.
Leve seu voto a sério. Votar SIM é lembrar à Itália que ela não é feita só de quem nasceu lá — mas também de quem carrega esse país no nome, no sangue e na memória.
