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Herança italiana

Santo Cereser, o italiano que virou sinônimo de bebidas espumantes

Família de Santo Cereser construiu uma marca quase centenária, que conquistou gerações de brasileiros

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Santo Cereser (de barba), o italiano que virou sinônimo de bebidas espumantes

O italiano Santo Cereser deixou a cidade de Noventa di Piave em 1886, e veio ao Brasil. Nos anos seguintes, ele eternizou seu nome na indústria brasileira.

Essa é a história de mais um imigrante italiano destemido, que se aventurou no final do século 19 rumo a uma nova terra, em busca de oportunidades, e viu seu sonho se tornar realidade.

Em Noventa di Piave, cidade localizada na região metropolitana de Veneza, Santo Cereser vivia com sua esposa Maria Piacentini e com os filhos Carolina, Luzia, Giulia, Humberto Massimiliano, Ema, Antônio e Sofia. Ele veio sozinho e deixou toda a família na Itália.

Seu primeiro trabalho no Brasil foi em uma fazenda na região de Campinas, onde plantou 500 pés de uva. No ano de 1888, portanto dois anos depois de sua chegada, quando já estava habituado com o novo país e firme no propósito de permanecer, finalmente Santo trouxe sua família ao Brasil.

A Sidra Cereser se tornou um marco popular das festas de final de ano

Os Cereser vão pra Jundiaí

Nessa nova fase, Santo Cereser e todos os familiares se mudaram para Jundiaí, cidade que na ocasião criou um núcleo para recepcionar os imigrantes italianos. Com muito trabalho, conseguiu comprar um sítio de dez alqueires no atual bairro do Caxambu e ali iniciou sua nova vida com a família.

No local, iniciou uma produção de vinhos, primeiro para consumo próprio, costume dos italianos na época. O forte mesmo dos negócios era o fornecimento de uvas do tipo Niágara para os grandes fabricantes de vinhos e não a fabricação do produto final.

Até que um dia João, filho de Humberto Massimiliano e neto de Sandro, que já ajudava no trabalho, foi entregar duas carroças carregadas de uvas a uma grande indústria, mas a encomenda foi cancelada, pois o cliente estava com dificuldades financeiras. Assim, as uvas voltaram para o sítio em Jundiaí e não restou alternativa a não ser transformar tudo em vinho.

A empresa tem a maior capacidade de envase de espumantes do mundo

Fábrica de Vinhos Santa Isabel

O ano era 1926 e dessa forma, meio que por acaso, estava iniciada a Fábrica de Vinhos Santa Isabel. Nos anos seguintes, a família foi aprimorando a forma de produzir a bebida e, em 1936, a empresa já fornecia vinhos de boa qualidade para clientes de todo o Estado e para algumas outras regiões do Brasil.

Com o passar dos anos, João comprou a parte dos irmãos e passou a tocar os negócios com os filhos Pedro, Xisto, Terezinha e Bernadete. Já eram a terceira e quarta gerações de italianos gerenciando a empresa iniciada em 1926, que passou a se chamar Viti-Vinícola Cereser.

Em 1967, já com mais produtos em linha, os vinhos da Cereser eram vendidos em todo o Brasil. Foi nesse ano que a empresa lançou o produto que se tornaria o mais conhecido, praticamente a bebida que carrega o nome e se tornaria sinônimo da marca: a Sidra Cereser, bebida espumante elaborada com 100% fermentado de maçã. Para se ter uma ideia, a bebida detém 40% do mercado nacional de sidras.

Para aumentar ainda mais sua competitividade, a Cereser inaugurou em 2009 a maior linha de envase de espumantes do mundo, com capacidade para 26 mil garrafas por hora, ou 25% a mais que as maiores fábricas desse tipo existentes.

Fábrica da CRS Brands instalada no município de Jundiaí

Cereser e seu extenso portfólio

No ano de 2014, a Cereser passou a se chamar CRS Brands. Essa mudança da razão social se deu como um plano estratégico para separar a marca Cereser, produto líder na categoria de Sidra, do extenso portfólio de bebidas pertencente à indústria. Além das marcas tradicionais, a empresa segue avançando no segmento de bebidas finas e com padrão de qualidade Premium.

Em 2017, no ano em que a Sidra Cereser completou 50 anos, a empresa realizou uma série de ações para reposicionar o produto, a partir de uma pesquisa com consumidores, em parceria com a agência Namosca.

A empresa divulgou uma campanha publicitária de grande impacto e lançou um novo layout da garrafa e um novo rótulo para a bebida. Além disso, a empresa lançou um selo comemorativo de 50 anos e um manifesto resgatando a ideia original do espumante: “sirva bem, não importa a quem”. Tudo isso divulgado por Ivete Sangalo, contratada para ser embaixadora da sidra.

Ivete Sangalo é a embaixadora oficial da Sidra Cereser desde 2017

Hoje os produtos da empresa são vendidos para mais de 40 países da América Latina, África, Oriente Médio (linha de sidra sem álcool) e Ásia.

Além de se manter na liderança na categoria sidra, com a linha Cereser, a CRS Brands mantém um amplo portfólio, que atende a todos os perfis de consumidores, incluindo o vinho Dom Bosco e a vodka premium Kadov.

Legado de uma família de imigrantes

A fábrica de Jundiaí tem a maior linha de envase de espumantes do mundo, com capacidade para produzir até 65 mil litros por hora. A empresa mantém ainda uma planta no município de Suape, em Pernambuco. As duas unidades somam capacidade para armazenar até 20 milhões de litros de bebida.

O grupo mantém também em Jundiaí, na Av. Humberto Cereser, em Caxambu, a Casa Cereser, uma Loja de Fábrica CRS Brands, espaço moderno e climatizado, onde podem ser encontrados todos os produtos da marca. O local também disponibiliza produtos da Castelo Alimentos, outra empresa do grupo.

A Casa Cereser em Jundiaí disponibiliza todos os produtos da marca

O espaço possui ainda um minimuseu dedicado à história da família fundadora da empresa, com fotos, registros dos primeiros anos da fábrica, toneis de vinhos e destilados, máquinas, utensílios e diversas medalhas recebidas pela família.   

Todo esse legado gigantesco vem da iniciativa de um italiano que deixou sua pequena cidade na Europa e, a partir do trabalho familiar em um sítio adquirido com muito suor, fundou uma das maiores fabricantes de bebidas da América Latina e eternizou seu nome na indústria brasileira.   

Por Roberto Schiavon/Italianismo

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