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Randon: imigrantes italianos fundaram empresa que virou potência mundial

Cristóforo Randon chegou no final do século 19 e deu início à história de um grupo gigante de soluções para o transporte

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Randon: imigrantes italianos fundaram empresa que virou potência mundial

O italiano Cristóforo Randon chegou ao Brasil em 1888. Hoje seu nome está eternizado em um dos mais sólidos conglomerados empresariais brasileiros.

A história começou quando a onda de imigrantes italianos à procura de um novo horizonte de oportunidades de trabalho trouxe ao país o jovem Cristóforo Randon. Ele desembarcou no Brasil no dia 22 de novembro de 1888, aos 21 anos, vindo de Cornedo Vicentino, pequena cidade no alto vale do rio Agno, na província de Vicenza, região do Vêneto.

Ele chegou ao país e veio para Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, para onde começaram a emigrar os primeiros colonos vindos de Vêneto em 1875, povoando aquela região. Como rapaz instruído, encontrou trabalho ajudando na medição de terras em Bento Gonçalves e, mais tarde, comprou alguns hectares para cultivar trigo, milho e uvas.

Afinal, acabou se tornando liderança na região, espécie de juiz de paz das famílias italianas. Apesar de também ser imigrante recém-chegado, tinha personalidade conciliadora, talvez fruto da experiência de ter 18 filhos. Se um casal brigava, ele aconselhava e pedia que voltasse uma semana depois, tempo certo para que fizesse as pazes.

A empresa entregou seus primeiros produtos na década de 50

Um dos 18 filhos de Cristóforo era Abramo Randon, que começou a trabalhar com os irmãos em Caxias do Sul como ferreiro de implementos agrícolas, mas com pouco mais de 20 anos partiu para Tangará, uma vila de pouco mais de oito casas, nos campos de Santa Catarina.

Cristóforo Randon busca sua amada

No primeiro ano de sua estadia em Tangará, sua única diversão era receber as cartas da namorada, que tinha deixado em Caxias. Porém, um belo dia, recebeu uma carta de uma de suas amigas, alertando que deveria ir buscar sua amada Elisabetta, pois ela estava sendo muito cortejada.

Assim, em 1923, Abramo Randon se casou com Elisabetta Zanotto, uma italiana muito religiosa, enérgica e decidida. Como ela não gostava de morar em Tangará, convenceu Abramo a retornar para Caxias do Sul com os filhos, Hercílio, Isolda, Raul e Zilá, além de Beatriz, ainda no ventre de Elisabetta.

Raul Randon, em sua primeira viagem à Europa

Em 1938, a família estava de volta a Caxias do Sul. A partir dali, Abramo Randon alugou um pequeno galpão de Bortolo Triquet, italiano dono de uma fundição e Raul passou a trabalhar com ele. Aos 18 anos, Raul ficou por um ano no Exército e, quando retornou, em 1949, seu irmão Hercílio havia aprendido o ofício de mecânico e o levou para trabalharem juntos, fazendo de tudo, de reforma dos motores às prensas.

A data oficial de fundação da empresa é 21 de janeiro de 1949, quando os irmãos perceberam que funcionavam bem trabalhando em parceria e resolveram tocar os negócios dessa maneira, aproveitando as instalações da oficina do pai, Abramo Randon.

O início de um sonho

Em 1952 a Mecânica Randon Ltda. foi constituída e começou a operar efetivamente em 2 de Janeiro de 1953. O negócio resultou na parceria com o também imigrante italiano Antônio Primo Fontebasso. Ele tinha uma oficina para consertos de caminhões e automóveis e começou a fabricar freios a ar comprimido para reboques. A sociedade durou até 1955, quando Fontebasso ficou doente e precisou se afastar.

Linha de montagem do terceiro eixo, na década de 1960

Na década seguinte, com o ritmo de industrialização acelerado no Brasil, a Randon iniciou a fabricação dos semirreboques, do terceiro eixo para carretas e do sistema de suspensão balancim, atendendo às determinações da Lei da Balança e ampliando a capacidade de carga.

Em 1963, a empresa já estava atenta às transformações da sociedade e preocupada com seu quadro de funcionários. Prova disso foi a criação da Fundação Assistencial Abramo Randon. Foi a primeira de diversas iniciativas voltadas à política de responsabilidade do grupo.

Nos anos seguintes, a empresa dos irmãos Randon passou a trabalhar com a conquista de novos clientes e mercados. Dessa forma, a oficina mecânica deu lugar à instalação industrial, para fazer frente às inovações tecnológicas e ao aumento das demandas.

Na década de 1970, a Randon construiu uma nova fábrica, abriu capital, iniciou a fabricação de veículos fora-de-estrada, criou uma Rede de Distribuidores e ingressou no mercado internacional.

A internacionalização de uma potência

A globalização da economia nos anos seguintes levou a empresa a formatar um novo modelo gerencial, envolvendo parcerias internacionais. Em 1986 nasceu a Master Equipamentos Automotivos Ltda., projeto conjunto da Randon com a Rockwell para a produção de freios.

As exportações tiveram grande aumento na década de 1980

Nessa mesma linha, em 1992 foi criada a holding Randon Participações S.A. e definida a segmentação dos negócios nos ramos de implementos rodoviários, autopeças, veículos especiais e prestação de serviços.

No ano seguinte, foi firmada a joint venture com a norte-americana Carrier Transicold Division, fabricante de aparelhos de ar-condicionado para ônibus e de refrigeração para o transporte de mercadorias.

Em 1994, foi criada a Randon Argentina, com sede em Rosário, Província de Santa Fé. No mesmo ano, o segmento de veículos especiais passou a ter espaço próprio com a criação da Randon Veículos Ltda.

O início das operações das unidades fabricantes de lonas e pastilhas de freios, Fras-le, que operam nos Estados Unidos e na China, no final da década de 2000, ampliaram a proximidade com os clientes internacionais e a agilidade no atendimento de suas demandas.

Foi também no final daquela década que o presidente da companhia, Raul Randon, iniciou o processo de sucessão do cargo para o filho mais velho, David Randon, até então vice-presidente do grupo. A partir de 2010, entraram em operação o Banco Randon e o Centro Tecnológico Randon.

A Randon se consolidou como uma gigante no setor de soluções para o transporte

A despedida de Raul Randon

No dia 3 de março de 2018, morria o empresário Raul Randon, aos 88 anos, deixando a esposa Nilva e os filhos David, Roseli, Alexandre, Maurien e Daniel. Seu irmão Hercílio havia morrido em 28 de abril de 1989, aos 64 anos.

A Randon reúne nove companhias, com sede em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, do setor de soluções para o transporte. O grupo reúne fabricantes de autopeças, implementos rodoviários e veículos, além de uma empresa de consórcios.

Elas são divididas em três segmentos: montadoras (implementos rodoviários, vagões e veículos especiais), autopeças (fabricantes de lonas, pastilhas, sistemas de freio, eixo, suspensão, conjunto de articulação e acoplamento) e serviços financeiros (administração de consórcios e suporte às vendas). Além disso, a empresa atua em diversos projetos e ações sociais, desenvolvidos pelo Instituto Elisabetha Randon.

Herança de uma vida de trabalho

O grupo é responsável pelo Programa Florescer, que até 2019 atendeu 5.700 crianças e adolescentes nos núcleos da Randon e Fras-le, em Caxias do Sul. O Florescer é um serviço de convivência para crianças e adolescentes, por meio de atividades artísticas e culturais. Outros projetos sociais da empresa são os programas Ser Voluntário, Vida Sempre e o Memorial Randon.

A estimativa de faturamento bruto da Randon para o ano de 2021 está na casa dos R$ 12 bilhões. A previsão é que a empresa feche este ano com investimentos na ordem de R$ 320 milhões.

Tudo isso é resultado do sonho de uma família que veio para o Brasil sem muito dinheiro no bolso, mas com a determinação de conquistar seu quinhão na nova terra, com muita esperança no coração, muito calo nas mãos e muito suor no rosto.

Por Roberto Schiavon/Italianismo

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