Presidente determinou que partidos formem nova coalizão até terça ou então serão convocadas novas eleições
A confusão do governo da Itália será parcialmente resolvida esta semana. Ou não. Depois que o primeiro-ministro Giuseppe Conte renunciou ao cargo no último dia 20, o presidente italiano Sérgio Mattarella determinou que os partidos formem uma nova coalizão de governo para a Itália até esta terça, 27, ou então ele convocará novas eleições parlamentares — que podem levar um ano para acontecer. A primeira rodada de conversas, encerrada na última quinta-feira, 22, terminou sem acordos políticos.
“A crise deve ser resolvida com decisões claras e tempos curtos”, afirmou Mattarella à imprensa na quinta-feira, ao final das negociações. “Durante as consultas, fui informado por alguns partidos políticos que iniciativas foram tomadas por um acordo no Parlamento para um novo governo, e me pediram tempo para essa iniciativa”, completou, segundo o jornal Corriere della Sera.
O partido Movimento 5 Estrelas, que compunha a coalizão de governo com a Lega, tenta um novo acordo com o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. As legendas, que advogam por posições contrárias, tentam se unir para frear a chegada de Matteo Salvini, ministro do Interior, ao poder.
Salvini, líder do partido de Lega, articulou a crise que levou Conte a renunciar. No começo dia 8 de agosto, ele rompeu a coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas e apresentou uma moção de censura contra Conte no parlamento, pedindo convocação de novas eleições. Tudo porque ele espera que seu partido, que tem cerca de 36% das intenções de voto, tenha bons resultados no pleito e o coloque na posição de primeiro-ministro italiano.
Seu tiro pode sair pela culatra, já que Mattarella está empenhado na busca por uma nova coalizão. Na discussão de quinta, o PD exigiu que a Itália se mantenha leal à União Europeia, que adote uma posição humanitária em relação aos imigrantes e que defina um novo programa econômico e social.
Os partidos e o presidente trabalham para evitar o retorno da Itália às urnas 3 anos e meio antes do previsto. Esta troca de governo, a décima em 20 anos, é péssima para o país, endividado e com crescimento estagnado.
Novas eleições agora atrapalhariam a elaboração do orçamento para 2020. Investidores italianos sinalizaram que preferem o acordo entre PD e 5 estrelas a novas eleições. Agora, o resultado do conflito está nas mãos dos partidos.